Federação dos Bombeiros do distrito de Setúbal pede reforço de equipamentos de proteção individual

A Federação dos Bombeiros do distrito de Setúbal criticou o Governo por “não ter assegurado” a entrega de equipamentos de proteção individual (EPI) às corporações da região para o transporte de doentes com covid-19.

De acordo com o presidente da federação dos bombeiros, “o que o Governo tem distribuído em matéria de equipamentos de proteção individual tem sido insuficiente porque continuamos a
responder não só às solicitações de covid-19 como também ao socorro à população com a aquisição de equipamento por parte das associações”.

João Ludovico, presidente da federação, que representa 24 corporações de bombeiros em todo o distrito de Setúbal, oito delas nos cinco concelhos do litoral alentejano, lembra que as associações estão “a entrar em rutura devido à situação financeira em que se encontram e ao valor dos equipamentos” de proteção individual.

“A Federação investiu e entregou kits de equipamento às associações de bombeiros e já estamos a fazer uma segunda ronda e a contar com o apoio de algumas empresas do distrito que cederam ao pedido de apoio, além das empresas a nível individual e de populares, tem sido este o grande suporte para os bombeiros fazerem face às solicitações”, explicou.

As corporações, indica, “ainda vão correspondendo às expetativas”, no entanto a “situação financeira que vão começar a sentir” devido à quebra de receitas no transporte de doentes não
urgentes, “que está praticamente parado”, pode por em causa o socorro e o transporte de doentes com suspeita ou casos positivos de covid-19.

“Vamos deixar de ter capacidade financeira para corresponder aquilo que é necessário”, sublinhou.

Por outro lado, a falta de informação aos bombeiros relativamente aos doentes suspeitos ou contaminados com covid-19 nas áreas de intervenção dos corpos de bombeiros é outra das preocupações da federação distrital.

“Não temos conhecimento de casos suspeitos e de casos positivos nas áreas de intervenção dos corpos de bombeiros que andam às cegas com os casos que surgem porque quando os bombeiros saem para um serviço, o INEM, por vezes não consegue informar se é ou não suspeito de covid-19”, exemplificou.

O também presidente da associação de bombeiros do Cercal do Alentejano, alerta ainda para as informações “completamente erradas” que estão a ser transmitidas pela linha SNS24 para que as
pessoas “contactem diretamente os bombeiros a pedir o transporte”.

“Isto é uma forma completamente errada e não aceitamos essa situação porque as pessoas devem ligar para o SNS24 e para o INEM e daí desencadear o transporte das pessoas totalmente controlado”, acrescentou.

A federação defende que o Governo deve criar “propostas e medidas concretas de apoio às associações humanitárias” de bombeiros e “reforçar urgentemente a distribuição dos EPI” pelas corporações do distrito de Setúbal.

“Se não for o Governo a colocar equipamentos para podermos corresponder a esta situação possivelmente poderemos ter de tomar outro tipo de medidas. Se não tivermos capacidade e equipamentos para proteger os nossos profissionais é impossível prestar socorro à população”, concluiu.