Por Ricardo Rosa,
Sei o que fizeste, por onde andaste, com quem estiveste, o que comeste e o que bebeste, o que vestiste ou despiste. Sei tudo o que fizeste nas férias, de manhã à noite e de madrugada. Parece coisa de filme de terror? Mas foste tu que o partilhaste, a toda a hora, nas redes sociais.
No regresso ao trabalho, deixou de fazer sentido aquele tipo de perguntas como “então que tal essas férias?”. A menos que imediatamente se acrescente um “já sei que começaram logo com uma aventura e que só ao chegar à casa no Algarve que o amigo do teu vizinho do lado te alugou é que deste conta que as chaves ficaram em cima da bancada da cozinha e que tiveram que voltar para trás, com o carro atafulhado! Isso é que foi, 700km numa noite! Vi os posts no Facebook e as fotos do ponteiro para lá dos 200 à hora”.
Também é desnecessário perguntar “onde estiveste?”. Pelo menos uma vez por dia, certamente que o dedo andou para cima e para baixo no fio das redes sociais e lá se viu Fulano a mergulhar de chapa na piscina de um resort 5 estrelas e meia ali para os lados de Tróia – a propósito, como é que ele arranjou dinheiro para aquilo? Andou à cata de promoções em sites de vouchers e descontos? -; Beltrana e Sicrana fotografaram-se de dia nos seus biquinis numa praia algarvia e de noite nos seus decotes numa festa numa praia algarvia; ou ainda a Não Sei Quantas que levou o namorado à terra dos avós, lá para o interior, e todos os dias deram conta dos seus beijos e abraços por todas as cascatas que encontraram…
Artigo completo na edição em papel de 08 de setembro de 2016, n.º 676