Helga Nobre
O setor empresarial moçambicano quer reverter a queda das relações comerciais com Portugal apostando na internacionalização das empresas portuguesas, nos recursos humanos, na agroindústria e na gestão logística e portuária, disse em Sines fonte da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA).
“Moçambique e Portugal têm relações históricas de comércio, culturais e outras, mas notamos que está a haver uma redução daquilo que é o comércio entre as duas partes”, disse Eduardo Sengo, o Diretor Executivo da CTA, responsável por uma missão que trouxe dezenas de empresários moçambicanos a Sines.
Para o responsável, que falava no final de uma visita ao Porto de Sines, no âmbito de uma missão empresarial que culminou com o Fórum de Negócios Moçambique-Portugal, em Lisboa, é urgente reforçar as relações comerciais entre os dois países.
“Se há 10 anos as nossas empresas já exportavam cerca de 100 milhões de dólares, hoje exportam cinco vezes menos. E acontece o mesmo com as importações de Portugal para Moçambique que caíram para metade”, vincou.
Para “reverter este quadro”, a confederação quer definir “estratégias” em conjunto com o setor empresarial português que manifestou “interesse na internacionalização”.
“Queremos colocar Moçambique como destino para essa internacionalização”, sublinhou Eduardo Sengo, apontando para um possível acordo de cooperação com o Município de Santa Maria da Feira, no Porto, após uma visita que a delegação efetuou também ao norte do país.
Ao nível da mão de obra, o responsável defendeu que Moçambique “tem muito potencial para tentar solucionar o grande défice de mão de obra” com que as empresas portuguesas se deparam.
Durante a visita ao Porto de Sines, em que participaram 21 empresários ligados a vários setores de atividade, o responsável adiantou que foram “identificadas oportunidades na área da gestão portuária e da logística”.
Também a “experiência do ‘paperless’ [menos papel] e todo o processo logístico externo pode ajudar a desenvolver as nossas soluções, seja através de uma parceria com o Porto de Sines, em conjunto com a empresa que gere a Janela Única Eletrónica em Moçambique no sentido de se poder partilhar essas experiências”, salientou.
O Presidente do Conselho de Administração dos Portos de Sines e do Algarve, José Luís Cacho, manifestou interesse e disponibilidade em incrementar a ligação ao setor empresarial de Moçambique.
“Estamos disponíveis para fomentar as trocas comerciais nos dois sentidos, quer na importação, como na exportação com as empresas moçambicanas”, garantiu.
A missão empresarial culminou com o Fórum de Negócios Moçambique-Portugal que se realizou no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, no dia 24 de abril, e que contou com a presença do Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, e do seu homólogo moçambicano, Filipe Nyusi, na sessão de abertura.
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