Verde verdinho

De manhã, bem cedinho acordamos, e espreitamos a janela e tudo parece verde, com uma mistura de cores variadas. Umas semeadas pelo homem e outras por criação espontânea. Qual Criador Divino que foi plantando em cada encosta flores de cores mil. Mas chega a hora de fazer uma incursão pelas maravilhas avistadas da janela. Quais encontros que nos vão deliciando a cada passo que damos. Mas para tudo apreciar é necessário também um misto de alegria e algum esforço. Sim porque para se apreciar o que é belo, é necessário sair do nosso conforto e procurar. É preciso subir e descer, apreciar e fugir também do Sol, pois ele desperta nesta altura e começa a aquecer e também a queimar e arder. A pele vai sentindo o calor, e por isso procuramos a sombra das belas árvores que de muitos feitios e cores vão colorindo a paisagem e dando sombra ao caminhante. Mas no fundo das encostas corre um rio translúcido que ao tocar se sente a fresquidão. Tudo é belo porque é feito por um Mestre que nos sabe dar o belo e o bom. Mas as forças do caminhante vão fraquejando pelo cansaço de ver a beleza, mas também de muito caminhar. É hora de procurar o fruto do verde que se coloca sobre a mesa e que nos sacia e nos restaura as forças e nos alegra. A Primavera é de facto o tempo em que podemos olhar para o campo e ver as maravilhas que nos são dadas e que podemos desfrutar. Até as aldeias no meio dos campos, têm casas pintadas das várias cores da natureza, tanto amarelo, como verde ou lilás ou vermelho… Vivamos este tempo de renovação de forças e energias. Assim como a natureza se renova em cada ano, também nós nos vamos renovando em cada instante da nossa existência. Que o verde se torne verdinho para cada um de nós.

Abilio Raposo – Jornal 829 de 20.04.2023