Abertura da Lagoa de Santo André prevista para a primeira quinzena de junho

O Ministério do Ambiente anunciou que a abertura ao mar da Lagoa de Santo André está prevista para a primeira quinzena de junho, depois de não terem sido reunidas as condições em março, devido à pandemia de covid-19.

“Fruto de diversos constrangimentos conhecidos, designadamente decorrentes da pandemia de covid-19, a abertura anual prevista da lagoa não reuniu condições para se realizar na data regularmente convencionada para o efeito”, refere num comunicado o Ministério do Ambiente e
da Ação Climática.

A abertura da Lagoa de Santo André ao mar, no concelho de Santiago do Cacém, realiza-se todos os anos, no final do inverno e início da primavera, para renovar o sistema lagunar e as várias
espécies que ali habitam, desde os peixes às aves migratórias.

Devido à “necessidade de compatibilizar os interesses da preservação das espécies e habitats e
relevando a importância da abertura da lagoa para as comunidades locais, foi acordado entre o ICNF (Instituto de Conservação da Natureza e Florestas) e a APA (Agência Portuguesa do Ambiente)
que se promoverá a abertura da lagoa na primeira quinzena de junho”, lê-se no comunicado divulgado.

“Foi acordado entre o ICNF e a APA que se promoverá a abertura da Lagoa logo que tal ação não prejudique significativamente o processo reprodutivo das aves selvagens, o que se prevê ocorrer
em função da maré, na primeira quinzena de junho, em data que permita que a abertura ocorra durante um período de tempo suficientemente alargado”, esclareceu o Governo.

Segundo o Ministério do Ambiente, para as aves aquáticas nidificantes na Lagoa de Santo André “é essencial que a abertura ocorra no máximo até à primeira quinzena de março, ou mesmo antes, uma vez que a abertura mais tardia, já em período de nidificação, tem como consequência deixar os ninhos a seco e ao alcance de predadores”.

O cancelamento da intervenção, devido à pandemia de covid-19, foi  contestado pelo presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, tendo em conta “as consequências que esta decisão pode ter na vida dos pescadores, famílias e economia local”.

O autarca defendeu que a decisão de não abrir a Lagoa de Santo André ao mar “afeta a comunidade piscatória e toda a atividade económica que resulta da pesca da enguia, como a da restauração, estendendo-se ainda às pessoas que frequentam a Lagoa e a praia”.

A abertura anual da lagoa ao mar “assegura a melhoria da qualidade da água e a entrada de alevins de diversas espéciesmarinhas, como o robalo, e também de enguia (meixão), assim como a saída de enguias prateadas que se deslocam para o Mar dos Sargaços para se reproduzirem”,
frisa o Ministério do Ambiente.