Doutorite Aguda

Gisela de Almeida - Coisas de Emigrante
Gisela de Almeida
Gisela de Almeida - Coisas de Emigrante
Gisela de Almeida

Por Gisela de Almeida, em França

Uma das coisas mais difíceis de explicar quando se vive no estrangeiro é porque é que em Portugal há tantos «doutores». 

Noutros países, apenas os médicos ou detentores de um doutoramento têm direito ao título, mas em Portugal “democratizou-se” a coisa e assim temos doutores-professores, doutores-arqueólogos, doutores-psicólogos, doutores-advogados, enfim, doutores-licenciados!

Mesmo alguns não “doutores”, como os engenheiros,  não prescindem de um tratamento pelo título académico. Em 2007 a minha experiência Erasmus levou-me até à Suécia e pude ver como os psicólogos escandinavos trabalhavam.

Numa vida anterior também fui psi e tive a oportunidade de trabalhar enquanto tal, tanto em Portugal como na Suiça. Descobri que além fronteiras mesmo num serviço hospitalar universitário sério e prestigiado, se pode fazer investigação e ver pacientes, tratando toda a equipa por TU (inclusive o chefe de serviço que esse sim era mesmo Doutor – médico psiquiatra com doutoramento) e sendo apenas chamada pelo nome próprio ou pelo nome de família.

Descobri que ninguém tem complexos de inferioridade por não ter umas letrinhas atrás do nome. Obviamente a hierarquia existe, mas o tratamento formal não é condição essencial para o respeito, como ainda alguns acreditam.

O artigo completo na edição em papel de 20 de Julho de 2014, n.º 628