Opinião: Não terão o meu ódio!

160804_PadreGonçaloPor Padre Gonçalo Portocarrero de Almada,

Cada cristão pode e deve defender-se, e à sociedade, também pelas armas. O terrorismo não admite tolerância. Mas se Cristo perdoou quem o crucificou, o cristão também está obrigado ao amor e ao perdão.

Há alguma frieza e crueldade no modo como se reduz um atentado a apenas mais um acto terrorista. É verdade que, em termos históricos, a tragédia de Nice não foi a primeira, nem será, infelizmente, a última. Contudo, para todos os que nela pereceram e para as famílias das vítimas, Nice não foi apenas mais um episódio de uma tragédia já conhecida: foi o acto final de um drama que não se pode subestimar.

Por mais sinceras que sejam as condolências, ou por mais sentido que seja o pesar, ninguém pode restituir a vida às pessoas que a perderam, nem compensar os que sofreram tão irreparável perda. Foi assim também a 13 de Novembro de 2015 quando, em Paris, o Bataclan se converteu num antro de horror e de morte.

Antoine Leiris viveu muito de perto este drama, em que morreu a sua mulher e mãe do seu filho, de apenas um ano e meio. Para exorcizar a sua alma e preservar a inocência do seu filho, redigiu um texto que é “um acto de resistência ao terror,
uma homenagem à mulher, Hélène, e um testemunho de amor e esperança para o filho, Melvil. Um libelo contra o ódio, por
um futuro de amor e paz” – lê-se na badana desse livro, que a editora Objectiva deu à estampa, com o título desta crónica, em
Abril deste ano.

Artigo completo na edição em papel de 04 de agosto de 2016, n.º 675