Autarca de Santiago do Cacém quer reforço de transportes escolares devido a obra na EN121

O Presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, voltou a questionar a Infraestruturas de Portugal (IP) sobre o reforço dos transportes escolares, no interior do Concelho, devido a obras na Estrada Nacional 121 (EN121).

As obras, que visam a supressão da passagem de nível na EN121, entre Santiago do Cacém e São Bartolomeu da Serra, e a construção de uma passagem superior, a cargo da IP, obrigaram ao corte daquela via.

“A intervenção que está a ser feita e o corte da estrada implicam uma alteração substancial dos horários dos transportes escolares e dos alunos que se deslocam do interior do Concelho para frequentarem as escolas na sede do Município e no Concelho vizinho de Sines”, explicou.

Ao jornal “O Leme”, Álvaro Beijinha sublinhou que o Município, “desde a primeira hora, transmitiu que o caminho alternativo da Mulinheta, que serviu à IP para desviar o trânsito após o corte da via, “unca seria solução para transporte de pesados, incluindo a Rodoviária”.

“Não havendo a hipótese Mulinheta, a única alternativa é utilizar a estrada 261, ou seja, deslocar o trânsito pela Abela, São Domingos, Santiago do Cacém, que é aquilo que está a acontecer nos transportes pesados de passageiros e que originou este problema dos horário” dos transportes escolares”, precisou.

Segundo o Autarca, esta alteração obriga a rodoviária a realizar “mais de 500 quilómetros por dia nos vários percursos”.

E os custos, com vista ao reforço dos autocarros no atual traçado, “poderão andar na ordem dos dois mil euros por dia, de modo a garantir os transportes escolares, mas também o serviço público de transportes”, adiantou.

Numa reunião que juntou, no passado dia 24 de janeiro, o Município, IP, Rodoviária do Alentejo e Comunidade Intermunicipal do Alentejo Litoral (CIMAL), o Autarca reiterou que compete à empresa pública “encontrar soluções que minimizem este impacto nas populações”.

“Tem que necessariamente haver um reforço de carreiras para permitir soluções alternativas, nomeadamente os alunos que vêm do interior do Concelho, em particular de Ermidas-Sado e Alvalade, e que haja uma carreira direta para Santiago do Cacém, de forma a que as crianças e jovens não tenham de se levantar mais cedo”, defendeu.

Segundo o Autarca, a IP mostrou “abertura para assumir esse custo e irá transmitir, em breve, a assunção desses custos”.

Sobre o corte da via que levou o Autarca a exigir a suspensão imediata da obra até serem encontradas soluções seguras, a IP terá informado que, “do ponto de vista técnico, não há alternativa, alegando que a obra está atrasada e que existe, inclusive, o risco de se perder financiamento comunitário”, concluiu.

Também a Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Santiago do Cacém criticou a alternativa da IP e exigiu a suspensão imediata das obras, assim como a construção de vias alternativas com segurança.

Trata-se de um caminho municipal “com curvas apertadas, pontos onde dificilmente se cruzam duas viaturas e bermas com valetas muito altas, alegam os utentes, frisando que são já vários os acidentes ocorridos, comprovando que o desvio não está dimensionado para a afluência de veículos em causa”.

Por seu lado, em comunicado, a IP avançou que irá “promover o reforço da sinalização e a melhoria das condições de segurança na via que está a servir o desvio temporário, como a reparação de danos provocados no pavimento pelas condições climatéricas e melhorias nos equipamentos de drenagem existentes no local”.

“Foram igualmente abordadas as questões relacionadas com o reforço do atual serviço público de transporte de passageiros, de modo a permitir minimizar os impactos desta intervenção”, acrescentou a IP, que diz estar “empenhada em garantir o cumprimento dos prazos da empreitada”.

As obras para a supressão da passagem de nível nesta estrada, entre Santiago do Cacém e São Bartolomeu da Serra, e a construção de uma passagem superior fazem parte da empreitada de modernização da linha ferroviária Ermidas-Sado – Sines.

População de São Bartolomeu da Serra lança abaixo-assinado

Também a população de São Bartolomeu da Serra contesta esta alternativa e lançou um abaixo-assinado pela reabertura da EN121 ao trânsito e a criação de alternativas seguras quando for imprescindível o fecho do trânsito naquela via.

“Não compreendemos como é que foi construída uma alternativa que, em nossa opinião, só seria segura para um sentido de trânsito e foi construída para dois sentidos. Há uma parte das valetas que estão muito altas, tendo havido já acidentes porque a estrada da Mulinheta é extremamente perigosa”, criticou Conceição Pinela, uma das promotoras do abaixo-assinado.

No documento, que está a circular por todo o Concelho de Santiago do Cacém, a população exige que o encerramento da EN121 seja efetuado pelo menor período de tempo possível.

“Não consideramos que aquele percurso tenha segurança e tememos pela vida, pelo socorro às pessoas que possam necessitar de uma ambulância do pensamos nos jovens que vão para a escola têm de se levantar quase uma hora mais cedo, os negócios locais estão a ser extremamente afetados e é impossível que esta situação se mantenha”, referiu.

Além do abaixo- assinado, Conceição Pinela admite que, caso “a Infraestruturas de Portugal não encontre uma solução que seja boa para todas as partes, a população poderá adotar outras formas de luta”.

“Está pensada uma manifestação no local, eventualmente, podemos tomar posições com mais força ou que possam causar transtornos à Infraestruturas de Portugal”, garantiu.

No documento, a população exige que, sempre que for imprescindível o encerramento da EN 121, “esteja construído um segundo desvio, devidamente alcatroado, pela atual estrada de acesso à zona das Chaminés, possibilitando que cada um dos desvios, (o atual e a construir), tenham somente um sentido de trânsito”.

Helga Nobre

Edição 824 Fev2023