Pescadores da Costa de Santo André descontentes com decisão de não abrir Lagoa ao mar

Os pescadores da Costa de Santo André estão descontentes com a decisão de não abrir a Lagoa de Santo André ao mar.

Num encontro com o Presidente da Câmara de Santiago do Cacém, no âmbito da Presidência nas Freguesias, os pescadores alertaram que a sobrevivência da Lagoa depende da sua abertura todos os anos.

“A sobrevivência da Lagoa é mesmo a abertura da Lagoa e como ela não foi aberta isto torna-se muito preocupante para nós”, explicou um dos pescadores, Carlos Domingos.

Sempre que a Lagoa é aberta ao mar, é proibida a pesca, entre março e setembro. No entanto, este ano, apesar da operação de abertura não ter ocorrido, a proibição mantém-se, contra a vontade dos pescadores.

“Não podemos pescar porque mudaram as regras definidas no edital. Enquanto a Lagoa não fosse aberta, o edital dizia que se podia pescar e eles fizeram uma emenda, em abril, a proibir a pesca e, desde aí, que não podemos pescar”, disse.

De acordo com Carlos Domingos, os cerca de 30 pescadores dizem que “foram apanhados de surpresa” com esta alteração e dizem-se sem alternativas que garantam a sua sobrevivência.

“Os pescadores têm vindo a desistir precisamente pelas proibições e, este ano, por causa do caranguejo que é às toneladas”, lamentou.

Em declarações aos jornalistas, o Presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, considerou que este “ex-libris ambiental deve ser preservado”, mas defendeu “abertura para alguns setores económicos.

“Há aqui um setor económico que tem alguma importância e que tem que ver com a pesca, em particular, a enguia e a restauração que podem estar em causa. A questão também do desassoreamento da Lagoa ou a falta dele, são matérias que preocupam os pescadores, as entidades públicas, neste caso, as Autarquias locais”, afirmou.

O Autarca acusou ainda as entidades responsáveis, como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, de “fundamentalismo cego” nas decisões que são tomadas em relação a este território.

“Estes assuntos são colocados todos os anos e o que sentimos é que este fundamentalismo vai crescendo e há que pôr termo a isto”, concluiu o Presidente da Câmara de Santiago do Cacém que vai reunir no final de junho com o Secretário de Estado da Conservação da Natureza e das Florestas.

 

Helga Nobre