Ramadão, Quaresma e outros preceitos confessionais

CRÓNICA DA QUOTIDIANA VIVÊNCIA

José Manuel Claro

 1 – O Ramadão, corresponde ao nono mês do calendário islâmico, no qual a maioria dos muçulmanos pratica o seu jejum ritual, sendo esta prática, o quarto dos cinco pilares do Islão.

O calendário islâmico é um calendário lunar, daí a comemoração não ser numa data fixa, e foi neste nono mês, que foi revelado o Corão.

É um tempo de renovação da , da prática mais intensa da caridade, e vivência profunda da fraternidade e dos valores da vida familiar.

Neste período de 29 ou 30 dias, pede-se ao crente maior proximidade dos valores sagrados, leitura mais assídua do Corão, frequência da oração na mesquita, correção de procedimentos pessoais e autodomínio.

jejum, é obrigatório para todos os muçulmanos que chegam à puberdade. A primeira vez em que um jovem é autorizado a jejuar pelos pais, constitui um momento importante na sua vida e uma marca simbólica de entrada na vida adulta, tendo em vista o que diz o Corão: “… e aquele dentre vós que presenciou a Lua Nova deste mês, Ramadã, deverá jejuar, e aquele que se encontrar enfermo ou em viagem, jejuará depois o mesmo número de dias…”. [Alcorão 2:185]

 

2 – A Páscoa ou Domingo da Ressurreição, é uma festividade religiosa que celebra a Ressurreição de Jesus Cristo ocorrida no terceiro dia após sua crucificação no Calvário, conforme o relato do Novo Testamento.

É a principal celebração do ano litúrgico cristão e também a mais antiga e importante festa cristã. O domingo de Páscoa marca o ápice da Paixão de Cristo e é precedido pela Quaresma, um período de quarenta dias de jejum, orações e penitências.

A última semana da Quaresma é chamada de Semana Santa e contém o chamado Tríduo Pascal, incluindo a Quinta-Feira Santa, que comemora a Última Ceia e a cerimónia do Lava-Pés , que a precedeu e também a Sexta-Feira Santa, que relembra a crucificação e morte de Jesus.

Os cristãos celebram a ressurreição no Domingo de Páscoa, o terceiro dia depois da Sexta-Feira Santa, o dia da crucificação. A data da Páscoa sempre correspondeu, a grosso modo, com a Páscoa judaica, o dia de observância dos judeus associado com o Êxodo.

É nesta quadra, a Quaresma, iniciada logo após o Entrudo que, através do jejum e da oração, todo o católico praticante é chamado à reflexão sobre o seu posicionamento perante o mundo onde vive e chamado ao amor e à ajuda para com o seu semelhante mais necessitado.

 

3 – Muitos dos lugares sagrados venerados por islâmicos e católicos, situam-se em Jerusalém, território sob administração Israelita, que professa maioritariamente o Judaísmo, como religião inspirada na Torá Escrita e na Bíblia Hebraica, que são considerados pelos judeus ortodoxos, como a expressão do relacionamento e da aliança desenvolvida entre Deus e os Filhos de Israel.

No meio dessa amálgama de fés e comportamentos ditados pela interpretação das sagradas escrituras, passou-se mais uma época Pascal sem que, por um qualquer motivo plausível, os cultos professados por cada um, tivessem perfeito cabimento na prática quotidiana da dura realidade adquirida no dia a dia, especialmente por aquelas paragens onde campeia a beligerância.

A recusa de um cessar fogo, por parte de Israel, está a originar que o desequilíbrio que se instala a cada dia que passa e que certamente conduzirá o mundo, a um longo período de instabilidade, em prejuízo de tudo e de todos.

O conflito na Palestina, adquire uma proeminência nos contextos bélicos que grassam por este mundo fora, devido às celebrações dos rituais religiosos, em que nem sempre a dita prática corresponde ao desenrolar do dia a dia, naquelas sociedades existentes por aquelas paragens.

Genericamente, se visionarmos os cerca de vinte e cinco locais espalhados pelo mundo, em que existem conflitos bélicos e sociais, teremos uma visão das populações desalojadas das suas casas, milhões de pessoas vegetando por territórios inóspitos e sem o mínimo de condições de sobrevivência, constataremos ser essa a imagem contrastante com as celebrações religiosas que, por esta época ocorrem por este mundo fora, situação que está na origem dos fortes surtos migratórios tendo por alvo a velha Europa… até quando?

Abril 24