Luís Montenegro em Santiago do Cacém diz que SNS está a colapsar

O Presidente do PSD, Luís Montenegro, considerou que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a colapsar devido à falta de recursos humanos e desafiou o Governo a “arriscar outras soluções” para debelar um problema estrutural.

“Não quero estar a ser tremendista, mas o SNS está a colapsar, não pela via financeira, como tradicionalmente era apresentado durante muitos anos, mas pela via dos recursos humanos. É preciso dar um murro na mesa, é preciso ter a ousadia de arriscar novas soluções”, afirmou.

Em declarações aos jornalistas, no final de uma visita ao Hospital do Litoral Alentejano, em Santiago do Cacém, no passado dia 20 de junho, o líder social-democrata defendeu que o SNS “deve contar com a capacidade instalada nas Instituições Particulares de Solidariedade Social, nas Misericórdias e também no setor privado”.

“É preciso ter um sistema de saúde que abarque também essa oferta sem complexos ideológicos, como aconteceu nos últimos anos em Portugal, e é preciso ter políticas públicas que saiam do papel, como é o caso da habitação”, frisou.

E por isso, incitou o Governo “a olhar para isto e não esperar que sejam alguns incentivos e alguns paliativos que possam debelar uma situação que é estrutural”.

No entender de Luís Montenegro, que percorreu os Concelhos de Alcácer do Sal, Grândola, Sines e Santiago do Cacém, no âmbito da iniciativa Sentir Portugal, a falta de recursos humanos na saúde está ligada a outros problemas estruturais que “agudizam ainda mais esta situação”.

“Em primeiro lugar, falta de habitação e, em segundo lugar, falta de uma rede de transportes eficiente e, por essa via, as políticas públicas acabam por se entrecruzar e por desembocar no desfecho que é efetivamente a falta de profissionais no SNS”, apontou.

No Litoral Alentejano, o líder do PSD constatou que, de um universo de cerca de 106 mil utentes, “cerca de 20% não têm médico de família atribuído e que existem várias lacunas por falta de pessoal médico e também de enfermeiros”.

“Em Portugal estamos a caminho de bater o número dos dois milhões de portugueses sem médico de família atribuído e de facto esta é uma situação absolutamente insustentável”, alertou.

No final da reunião com o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano, Luís Montenegro considerou que o Governo “tem falhado de uma forma absolutamente inultrapassável”.

“Andamos há seis anos à espera de ver concretizado um plano para dar mais oferta habitacional que o Primeiro-Ministro apresentou. Este ano veio apresentá-lo, cinco anos depois, e não sai do papel. E a forma como está concebido não vai ter, do nosso ponto de vista, resultados em termos de execução”, criticou.

Leme 834 – julho de 2023