Editorial: Aceita o património e assim conhece-te

Abílio Raposo
Diretor

Ao longo da História a humanidade foi construindo a sociedade conforme aquilo que era necessário e tentou manter os frutos da sua época com materiais que perdurassem para sempre. Este “sempre”, é longínquo. As gerações perduram por muito tempo.

Hoje nós procuramos manter a arte e a cultura dos nossos antepassados. É muito ingrato, quando alguém destrói aquilo que perdurou pelos séculos e que hoje sem entendermos destruímos ou então por vingança ou quando lemos com os olhos de hoje.

A história serve para lembrar os acontecimentos passados. Podem ser bons ou maus. Mas com eles devemos aprender. O destruir não serve para nada. Se existe algo que prejudicou um grupo da humanidade e que se mantém, na escrita ou na escultura, devemos mantê-la para que a recordemos com algo que deve evitar. Se a apagamos, esquecemos e voltaremos a fazer. Hoje na nossa Freguesia de Santo André é apresentada à comunidade cristã e a toda a sociedade uma escultura em pedra de uma imagem, da crucifixão em X de Santo André. Peça que se manteve escondida dos olhares de qualquer mortal já faz alguns séculos.

Esta descoberta aconteceu a quando do restauro do retábulo da capela Mor da Igreja Matriz da Aldeia de Santo André. Agora ela está lá no mesmo lugar onde foi encontrada e à vista de todos. Um grande benefício para a Freguesia de Santo André, como para o Concelho de Santiago e mesmo para a história antiga destes povos que aqui viveram.

Esta escultura em pedra está a ser estudada pelos técnicos especializados da universidade Nova de Lisboa e que muito em breve nos darão mais informações. Mas partimos já de uma datação que remonta aos séculos XIII ou XIV. Sempre que algo assim acontece, é de grande importância para o local, mas também para toda a sociedade.

Isto é para nós hoje uma grande lição porque nos ensina que devemos sempre preservar o património que encontrámos, mas também aquele que construímos hoje. Todo ele é importante. Aquilo que fazes hoje será visto pelos que nos irão suceder e que irão ficar felizes porque encontraram um pouco do seu passado. E ao encontrarmos o passado estamos a entender quem somos, donde viemos e como chegámos até aqui, ao dia de hoje. O património é fundamental para qualquer sociedade. Procuremos respeitá-lo e valorizá-lo. 

                                                                                             Abílio Raposo