Editorial: Medo e isolamento agravados pela pandemia

Abílio Raposo
Diretor

No ultimo número do jornal falei que temos de viver com Esperança no dia de amanhã. Temos de ser participantes na sociedade para que tudo corra bem. Tudo fique bem. É este o desejo de todos.

E isto concretiza-se num ato importante: fique em casa. Este grito ecoa em todo o lado. Em todas as redes sociais e todos os meios de comunicação social. Mas para que queremos nós que tudo fique bem? Uma das coisas que mais desejamos é nunca adoecer; ninguém quer ficar doente; ninguém quer sofrer.

Nunca foi tão difícil ficar em casa, mas ao mesmo tempo, eu desejo ficar em casa. Este sentimento de contradição está a minar o nosso pensamento. Eu desejo sair de casa, mas tenho medo. Não quero ficar doente. Este é o grande motor para a minha decisão de permanecer em casa. E que os portugueses de um modo geral estão a cumprir.

Mas não deixa de ser verdade que o isolamento é um problema, que já havíamos identificado, e que de um modo abrupto foi imposto a todos nós. Também este é um grande problema com que nos deparamos.

O nosso Centro Comunitário “O Moinho”, através das nossas colaboradoras continuam a visitar todos os nossos utentes, tanto os de Apoio Domiciliário, com os de Centro de Dia, que agora estão também em suas casas. Não foram deixados sós. Este tem de ser também um desafio para todos.

Hoje podemos utilizar os meios de comunicação (redes sociais, telemóveis e telefones) para chegarmos aos mais isolados. Este é um novo desafio que esta pandemia nos deixa.

Nestes últimos dias os nossos governantes começaram a olhar com preocupação para a situação económica, numa perspetiva de retoma. Isto é, tentar reabrir algum comércio e industria que possam vir a relançar a economia. Porque na verdade isto é importante que aconteça. É importante a vida humana e logo a nossa saúde.

Mas se nos faltar o sustento, que já acontece num número elevado de pessoas, mesmo aqui na nossa comunidade, como me confidenciou a Presidente da Cáritas paroquial da nossa cidade, a saúde vai começar a faltar. As contas vão amontoando e faltando a comida na mesa.

A retoma da atividade económica deve iniciar-se, mas com todo o cuidado e proteção. A comunidade Cristã também sente a necessidade de se encontrar com Deus na sua igreja. É importante que todos colaboremos para que esse momento seja possível.