Coisas de Emigrante: A “primeira tentativa”

Raquel Marques Evaristo
Raquel Marques Evaristo
Raquel Marques Evaristo

Por Raquel Marques Evaristo, 

Meteorologista e investigadora, Emigrante desde 2003, atualmente em Bona, na Alemanha

Sou nova nesta rubrica, por isso vou-me apresentar. Morei em Santo André até aos 18 anos, e depois estudei em Lisboa. Após acabar o curso morei em Paris, mais tarde no Indiana nos Estados Unidos, e por fim cheguei a Bona, na Alemanha. Vida de emigrante é claramente algo com que me identifico. 

Com todas estas mudanças aprendi nunca se aprende a “ser novo”, pois os obstáculos mudam dependendo do local. Morava há pouco tempo no Indiana (“midwest” americano) temporariamente sozinha com um filho de 2 anos, quando me aconteceu o seguinte episódio.

Numa manhã fria de Fevereiro, após uma tempestade de neve, cheguei ao carro, e não consegui abrir as portas. O carro estava
coberto por uma camada de gelo transparente – parecia um donut coberto de calda de açúcar. Tendo crescido no Alentejo litoral, é coisa com que nunca tive que lidar.

Não podia esperar que o gelo derretesse, pois as temperaturas iriam manter-se negativas por vários dias. Como o meu local de trabalho não era longe de casa, decidi ir a pé. Aqui um reparo merece ser feito: não se anda a pé no Indiana durante o Inverno. Os “drive through” existem não só nos restaurantes de comida rápida mas também na farmácia e nos bancos. Superfícies comerciais têm sempre parque de estacionamento e o carro fica sempre perto do destino. A ideia de andar 20 minutos a pé nunca ocorreria um habitante local.

Artigo completo na edição em papel de 06 de outubro de 2016, n.º 678