Frei Tomás e o prato vazio

João Madeira

João MadeiraPor João Madeira,

Há alguns meses correu pelas redes sociais a fotografia de um prato servido aos alunos de uma escola de Santiago do Cacém. Diziam que se tratava de uma sopa de cação. Fértil imaginação para tamanha indigência. Há pouco divulgou este mesmo jornal fotografia semelhante referente a uma escola de Santo André e, de novo, escassez e falta de qualidade dos alimentos na cantina escolar.

Esta é a consequência da concessão da gestão das cantinas escolares a consórcios privados. A maximização do lucro verifica-se incompatível com quantidade e qualidade nas refeições servidas a crianças e jovens em fase de crescimento e num ambiente escolar, num quadro de cortes orçamentais profundos às escolas. Tem sido assim nos últimos anos e, a avaliar pelo Orçamento Geral do Estado para a Educação, será assim em 2015.

Em 2011, quando chegou a troika, um terço das crianças portuguesas estava em risco de pobreza e, daí para cá, a 500 mil foi cortado o abono de família e mais de 120 mil procuram ajuda alimentar para escapar à fome.

Madalena Marçal Grilo, da Unicef Portugal dizia desassombradamente que “O impacto da pobreza hoje e da diminuição de oportunidades vai refletirse também no futuro das crianças: na qualidade da educação, na sua capacidade de socialização, de aprendizagem e mais tarde na sua capacidade de produtividade.”

Artigo completo na edição em papel de 18 de Dezembro de 2014, n.º 637