NOVO ANO, NOVOS OS VOTOS E… TUDO NA MESMA!

CRÓNICA DA QUOTIDIANA VIVÊNCIA – José Manuel Claro

 1 – A montra do mundo vai-nos prendendo a atenção com duas zonas de conflito bélico por excelência, e com os quais a velha Europa não está muito pelos ajustes – o conflito na Ucrânia, entre russos e ucranianos, e na faixa de Gaza, o conflito que opõe Israelitas e Palestinianos.

Entalada nestes conflitos de interesses geopolíticos, encontra-se a velha Europa, fadada para servir os interesses americanos que, lá bem longe do teatro das ações bélicas desenvolvidas, vai, até qualquer dia, fornecendo uns parcos proventos materiais que vão alimentando as decrépitas economias europeias a pretexto da defesa de direitos e políticas comuns de desenvolvimento, que, mais não são, do que manifestações de um novo imperialismo encapotado.

2 – Na Rússia, o ano que agora começa, vai ser ano de eleições.

Paulatinamente, o bloco soviético, vai alimentando em banho-maria o conflito na Ucrânia, conhecendo de antemão o modo de procedimento americano, que depois de ter ganho balúrdios, e de ter renovado os seus stocks bélicos, faz como Pilatos, e vira as costas aos seus aliados que lá terão de ir à corrida tentar uma diplomacia de entendimento com o gigante russo.

Entretanto, Putin, continua paulatinamente a arrumar a casa, para levar à cena mais um ato eleitoral em que por um motivo ou por outro, não terá oposição interna.

Navalny, foi mandado para uma penitenciária no Ártico, inviabilizando assim os possíveis contactos com o exterior.

O chefe do Grupo Wagner, a milícia russa, Yevgeny Prigoji, morreu num acidente aeronáutico após aquele levantamento anti Putin.

O oligarca russo Ravil Maganov, presidente da segunda maior petrolífera russa e que se manifestara contra a guerra na Ucrânia, morre ao cair de uma janela do sexto andar do hospital onde estava internado.

Vladimir Egorov, deputado da Duma na cidade de Tobolsk e que nestes últimos tempos se afastara das posições de Putin, caiu da janela da sua casa, um terceiro andar encontrando a morte no pavimento da rua.

3 – Entretanto no conflito entre israelitas e palestinianos, dado o desequilíbrio das forças em ação no campo de batalha, o cenário é totalmente diferente.

Aquela agressão do HAMAS a um colonato israelita, caiu que nem sopa no mel das aspirações de Benjamin Netanyahu, em se manter no poder e não enfrentar uma destituição, a barra dos tribunais e quem sabe, a detenção.

Contudo, diariamente as tropas israelitas continuam paulatinamente a fazerem a política de terra queimada em Gaza, o que não invalida a que internamente, esteja a crescer a oposição daqueles que se opõem a esta linha que só tem conduzido ao genocídio do povo palestiniano.

Estranho, é que esta ação parta daquele povo mártir da Segunda Guerra Mundial, evidenciando uma menoridade de espírito que o impede de ver que, o atual caminho não leva a parte alguma e, muito menos, à desejada libertação dos reféns israelitas ainda em poder do HAMAS.

4 – Referimos apenas, os dois maiores eventos bélicos que estão a decorrer presentemente, mas a ONU, tem referenciados mais 25 cenários de confronto, espalhados pelo mundo, que, embora numa escala bastante menor, se encontram numa fase comburente constante, o que igualmente não contribui para que seja conseguida uma paz global, que permitisse ao homem direcionar as suas energias no sentido de melhorar a sua existência e acautelar o seu futuro.

Ano Novo, vida nova, reza o popular aforismo, mas aquilo a que assistimos é a um agravar constante da conflitualidade entre as gentes, um adensar das perspetivas cada vez mais sombrias, toldando um futuro que teremos, mais dia menos dia, de legar aos nossos herdeiros se, houver dias, legado para transmitir, e herdeiros para o receber.

O cenário é apocalítico. Os organismos criados para a reunião de interesses de todos os povos do mundo, deixaram há muito de operar. A condução da humanidade está entregue a um reduzido grupo de individualidades que já provou, por várias vezes, não estar à altura de o fazer.

Estaremos a caminhar para o abismo? Gostaria de acreditar que não, mas…

Leme 845