Quando na comunidade alguém verifica que está a ser prejudicado tenta resolver o seu problema para que não continuem a persistir no ato que os leva a estar num patamar diferente dos outros. Existe na sociedade como que um nível a que todos devem estar ou viver. Mas surgem sempre níveis diferentes ou momentos em que existe um desnível. Quando uma única pessoa é prejudicada ou se sente que não está a usufruir das mesmas condições dos outros recorre a quem de direito para lhe valer. Mas se é um grupo numa determinada profissão que está a ser prejudicado procura que lhes resolvam o problema de uma forma coletiva. De um modo geral as pessoas juntam-se em associações ou sindicalizam-se; ou ambas. Essas associações têm como fim defender os interesses dos seus associados, que muitas vezes são prejudicados. Existem reuniões com os responsáveis que podem ser entidades patronais privadas ou públicas. Quanto maior for a associação ou sindicato maior é o poder de persuasão. Mas também o trabalho que se faz ou a atividade que se desempenha faz com que tenhamos ou não maior visibilidade na comunidade. Nestes últimos tempos estamos a presenciar um “braço de ferro” entre o Governo e um grupo que é constituído por profissionais de saúde. Sentem que estão a ser prejudicados na sua profissão e logo, pela exigência de trabalho, na sua própria família e podem mesmo vir a prejudicar os utentes. Os médicos sentem que é imoral o que lhes estão a fazer, logo lutam para que seja reposta a justiça e a moral. Perderam tempo que podiam estar com as suas famílias, quando fazem muitas horas extraordinárias, em favor dos utentes, mas ao mesmo tempo se não descansam aquilo que pode ser ajuda pode tornar-se prejudicial por falta de descanso. O que seria moralmente exigível, que é trabalhar até fora de horas para atender as pessoas, pode ser imoral na execução. E o que para o utente é moralmente aceite é ter um médico ou outro técnico de saúde para o atender e não tem. O que é exigível ao Governo é que se contratem mais médicos e outros técnicos de saúde com a justa remuneração e equilíbrio horário.
Leme 841
05/11/2023
Abílio Raposo