«Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7)

Fátima Moita

17 de outubro – Dia Internacional da Pobreza

Criado pelas Nações Unidas, o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza celebrou-se a 17 de outubro, a data pretende lembrar as opiniões públicas e influenciar os responsáveis políticos para o combate à pobreza e às desigualdades sociais no Mundo. Em Vila Nova de Santo André, Santiago do Cacém e Sines, são muitas as famílias carenciadas que sobrevivem das escassas doações de alimentos e de roupa, com a ajuda de voluntários que desempenham um papel muito importante na comunidade.

Nesta região, as famílias com mais necessidades são ajudadas com alimentos, roupas, atoalhados, utensílios domésticos e mobiliário através da Cáritas Paroquial de Santo André, Cáritas Paroquial da Igreja de S. Pedro de Melides, Cáritas Paroquial de Sines e em Santiago do Cacém pela Conferência Vicentina de São Tiago e São João de Deus entre outas Instituições da região, que dão apoio a pessoas carenciadas.

Em Santo André a Cáritas, dá apoio a 293 pessoas que “em algumas situações, ajudamos no pagamento de medicamentos, água, luz, gás, etc” diz Manuela Eloi, Presidente da Cáritas Paroquial de Santo André. Também a Conferência Vicentina de São Tiago e São João de Deus, de Santiago do Cacém, dá ajuda a 92 pessoas. Em Sines são 250 as pessoas apoiadas pela Cáritas com alimentos e “excecionalmente ajudas financeiras ou outras” refere Conceição Martins, Presidente da Instituição. A Cáritas de Melides apoia 38 famílias.

Em Santo André e Sines são as famílias mais jovens (entre alguns emigrantes) que recorrem à Instituição. Conceição Martins, da Cáritas de Sines explica “as famílias atendidas têm várias procedências: um grande grupo é de etnia cigana que, na sua maioria, vive em Sines há muitos anos. Temos famílias brasileiras que, acabaram de chegar ou, embora tenham emprego, os baixos salários e as rendas de casa muito altas, os fazem pedir ajuda. Algumas de origem africana também pedem ajuda e estão a ser atendidas. E ainda famílias sinienses, que, embora trabalhando, não conseguem fazer face às suas despesas mensais”. Em Santiago a predominância são pessoas com mais idade. Segundo a Presidente da Conferência Vicentina, Ana Fernandes, “os pedidos recentes de ajuda, reflectem-se na emigração, por força das guerras, falta de emprego e em busca de uma vida melhor, obriga as pessoas a terem que sair do seu país de origem”. Já em Melides “os pedidos que nos surgem são de idosos e pessoas que vivem sozinhas nas aldeias de Melides e Carvalhal ou nos montes destas duas Freguesias. Presentemente não temos recebido pedidos de apoio por parte da população emigrante”, diz Luisa Romão, Presidente da Instituição.

A crise da habitação está a afetar a maioria das famílias, em especial as que têm poucos recursos, e isso reflecte-se no aumento de pedidos “devido ao aumento brutal das rendas, estas pessoas não têm meios para comprar muitos dos bens essenciais na alimentação”, refere Manuela Eloi.

Os apoios a estas Instituições vêm através do Banco Alimentar e pouco mais “as ajudas são poucas, contamos com um subsídio da União das Freguesias de Santiago do Cacém, Santa Cruz e São Bartolomeu da Serra e com alguns donativos particulares, esta ajuda é precisamente para fazer face aos bens alimentares, sem esta ajuda não seria possível, termos tantos utentes”, explica a Presidente da Conferência Vicentina e acrescenta “a oferta por particulares é quase nula, as pessoas têm cada vez menos poder de compra, e como nem só de pão vive o homem, através de uma parceria com a ADL – Associação de Desenvolvimento do Litoral Alentejano, conseguimos alguns produtos de higiene pessoal e domésticos”.

Em Melides, a Cáritas conta com o apoio do Banco Alimentar, Supermercados locais, Continente e particulares “estes apoios têm sido constantes sem sofrerem alterações devido à crise”, refere Luisa Romão. Em Sines, o apoio chega do Banco Alimentar. A Cáritas de Santo André recebe ajuda do BA e também do POPMC.

A maioria das Instituições com quem falamos têm conseguido responder aos muitos pedidos que lhes chegam, mas a Presidente da Conferência Vicenta explica  “temos grandes dificuldades na resposta aos pedidos de bens alimentares, que são insuficientes, obrigando na maioria das vezes que a Conferência, tenha que comprar produtos para que possa completar os cabazes”, explica Ana Fernandes.

Quanto a dificuldades são várias, desde a falta de voluntários aos bens alimentares. Em Melides “é a falta de voluntários, pois somos poucos e alguns deles já com alguma idade”, diz a Presidente da Cáritas. Já em Santiago “as dificuldades que enfrentamos, é o drama de não termos alimentos suficientes para fazer face ao número de utentes apoiados por esta Instituição”, refere Ana Fernandes da Conferência Vicentina. A Presidente da Cáritas de Santo André diz que “o combustível (petróleo) é a fonte dos problemas do mundo”.

São 7 os voluntários que estão ao serviço da causa, em Sines. A Conferência conta atualmente com 17 vicentinos e 3 colaboradores, todos voluntários. Em Melides são  poucos voluntários. A Cáritas de Santo André conta com 18 voluntários, mas um dos objectivos “é chamar jovens, como já tivemos anteriormente”, diz Manuela Eloi.

Mensagens

Cáritas de Santo André: A Paz pelo mundo seria o ideal para resolver os problemas”.

Cáritas de Melides: “Infelizmente, notamos que cada vez há mais pessoas a necessitar de ajuda e pedidos de ajuda cada vez mais diversificados, fazendo com que também nós procuremos ajuda a diversas Instituições e particulares, de modo a podermos colmatar as necessidades que nos são apresentadas”.

Conferência Vicentina: “apelamos às empresas para que olhem para este drama e possam minorar esta situação, e que o estado não se demita das suas obrigações. Para quem queira e possa ajudar, nós estamos na Travessa João de Barros (junto à Fundação Caixa Agrícola) e o nosso contato telefónico é 960 338 962”

Cáritas de Sines “A fé ensina-nos que todo o pobre é filho de Deus e que, nele ou nela, está presente Cristo: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40)”.

 

«…quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. …   Cada um deles é nosso próximo. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência… Se sou pobre, posso reconhecer de verdade quem é o irmão que precisa de mim. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório». Papa Francisco

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