Mais de 100 mil espectadores no XXIII Festival Músicas do Mundo em Sines

José Manuel Claro

O mundo da música e da cultura, como que revisitou, por estes dias, Vasco da Gama nas suas origens, retribuindo desta forma os novos mundos que o navegador deu ao mundo.

Decorreu de vinte e dois a vinte e nove de julho passados, a vigésima terceira edição do Festival de Músicas do Mundo (FMM), que trouxe uma fatia do mundo da música, e não só, a Porto Covo e Sines.

Foi ao som e de uma excelente exibição do grupo ‘Expresso Transatlântico’, que foi dado o início das hostilidades musicais que, preenchendo de ritmos e cultura, os nove dias seguintes como que alteraram os viveres dos gentios autóctones e de toda a tribo invasora, que uma iniciativa deste género sempre arrasta consigo.

Sob o manto cultural e, como complemento ao programa musical proposto aos frequentadores desta vigésima terceira edição, desenrolaram-se por estes dias, um vastíssimo conjunto de iniciativas paralelas aos concertos, excedendo a temática musical e tendo abrangido muitas outras áreas culturais, ligadas não só a outros ramos de expressão artística, como igualmente à ciência.

Registámos a divulgação científica levada a cabo pelo programa ‘Entremarés’, a exposição ‘Múltiplo de Múltiplo’ da autoria de Pedro Gomes, debates e palestras sobre o momento atual da sociedade em que vivemos em que foi abordado principalmente o papel da mulher no mundo criativo, ateliês de música para os mais novos, espetáculos teatrais de rua, uma sessão de música para bebés, muita animação de rua feita por trupes, os já tradicionais concertos espontâneos de ‘borda do caminho’, em que novos talentos dão-se a conhecer ao mundo que por eles passa e, ‘at last but not the least’, uma feira do livro e do disco no Centro Cultural Emérico Nunes.

Quanto ao festival de música propriamente dito, que se mudou de armas e bagagens de Porto Covo para Sines no dia 25começou no dia vinte e dois em Porto Covo, que ao longo de três dias e três noites fervilhou de gentio, tendo proporcionado um enquadramento muito caloroso aos artistas que subiram aos palcos instalados, oriundos de proveniências muito díspares, que se refletiram igualmente nos instrumentos e estilos musicais apresentados.

Finalmente Sines, recebeu no dia vinte e cinco, a comitiva festivaleira e deu início à sua série de concertos, tendo o festival como que retomado a sua velocidade de cruzeiro no dia vinte e seis. com os espetáculos realizados no Pátio das Artes, no Castelo e no palco Galp instalado na Praia Vasco da Gama.

Nos concertos realizados, que começavam às dezasseis horas de cada dia e se estendiam até depois das cinco da manhã do dia seguinte, participaram artistas de mais de uma vintena e meia de nacionalidades que, refletiram primordialmente, e de uma forma geral, a cultura dos povos de onde eram oriundos.

Este FMM, evento de múltiplas particularidades organizativas, foi como que inaugurado ao quinto dia da sua realização, pelo seu diretor principal e Presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, que na sua breve alocução, prestou uma devida homenagem aos fundadores da iniciativa, Dr. Manuel Coelho, à data Presidente da Câmara e a Carlos Seixas, organizador desde a primeira hora, deste evento galardoado internacionalmente.

Já o dia trinta era nascido há umas boas horas, quando do ‘palco da praia’, saiu o último acorde dos instrumentos tocados pelos ‘Bamba Wassoulou Groove’, do Mali.

Foi chegada a hora dos corpos de todos os participantes diretos e assistentes acalmarem, dos grasnares, crocitares ou chiares das gaivotas se fazerem ouvir como solistas principais, numa paisagem que se espraia mar adentro, principalmente para aqueles que ainda conseguiram ter as pálpebras subidas.

Estavam terminados nove dias de loucura e de novas vivências proporcionadas pelo contacto direto com outras gentes, outras culturas, outros modos de vida.

Foi assim o FMM 2023 que ora findou… viva o FMM 2024!!!…

Leme 836 – agosto 2023