Alvalade do Sado inaugura obras de requalificação e Museu de Arqueologia

No pretérito dia 10 de junho a Freguesia de Alvalade do Sado celebrou, com duas cerimónias públicas, a inauguração da requalificação urbanística do seu Centro Histórico e a inauguração do Museu de Arqueologia.

Foi sob um radioso sol, contando com a presença da Vereação da Câmara Municipal de Santiago do Cacém e da Junta de Freguesia, bem como convidados e público alvaladense em geral, que se desenrolaram as duas cerimónias da inauguração das obras de Requalificação do Espaço Público da Praça D. Manuel I e Zonas Envolventes, bem como o Museu de Arqueologia de Alvalade.

O novo polo museológico, criado de raiz, está instalado na antiga Igreja da Misericórdia localizada na Praça D. Manuel I.

Os convidados foram recebidos na Praça D. Manuel I por um grupo de músicos executantes de música clássica que criaram uma envolvência ambiental que pretendeu transmitir aos presentes as sensações emergentes da contemplação do fresco descoberto no teto da Igreja da Misericórdia.

A cerimónia contou ainda com a animação de rua a cargo dos habituais participantes da celebração do “Alvalade Medieval” e que recrearam quadros históricos que se estendiam do Paleolítico até às investidas das Ordens Militares que colaboraram na reconquista de Portugal aos mouros.

Durante a cerimónia usaram da palavra o Presidente da Junta de Freguesia de Alvalade do Sado (JFAS), Ricardo Cruz, a Diretora Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), Ana Paula Amendoeira e o Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém (CMSC), Álvaro Beijinha.

Na sua intervenção, Ricardo Cruz, agradeceu à CMSC: «… o conjunto das obras efetuadas não só nas instalações da Igreja da Misericórdia que culminaram com a instalação do Museu de Arqueologia de Alvalade, bem como nos espaços urbanísticos envolventes, originando um núcleo de mais-valia para a Freguesia em termos de futuro».

 Seguiu-se no uso da palavra, Ana Paula Amendoeira, DRCA, que começou a sua intervenção: «… justificando a ausência da Srª Ministra da Cultura que face à data comemorativa que hoje celebramos não lhe foi possível estar presente e agradecendo a todas as equipas camarárias e exteriores à Edilidade que de uma forma tão assertiva colaboraram com elevado empenho na concretização da obra hoje inaugurada». Terminou a sua intervenção salientando: «… a importância da estrutura museológica hoje inaugurada e que se revela de primordial importância para a identidade desta população, rica em história e na qual a arqueologia desempenha um papel fundamental salientando essa mesma história e trazendo à tona a identidade destas populações, facto que será muito útil no futuro desenvolvimento».

O ato, terminou com a intervenção de Álvaro Beijinha que num discurso carregado de emoção salientou a sua condição de alvaladense e desenhou uma breve resenha histórica desta região: «… repleta de achados arqueológicos nas férteis várzeas envolventes, património esse que face aos acordos estabelecidos entre os diferentes Órgãos Autárquicos, viram a sua concentração possível através da obra museológica hoje inaugurada».

Prosseguiu a sua intervenção agradecendo: «…às diferentes Entidades e Serviços Camarários que denodadamente se empenharam em levar para a frente esta obra que nos orgulha a todos e que praticamente se iniciou com a mudança de propriedade dos dois edifícios que delimitam a nascente e a poente esta praça»…

Referiu a dada altura da sua intervenção: «… o valor de um milhão e trezentos mil euros investidos nestas obras e que só ficarão completadas com a recuperação do antigo cinema de Alvalade… e como Autarca a coisa mais agradável é ver uma obra concluída», salientou.

Prosseguindo a sua intervenção e referindo-se ao local intervencionado e apontando alguns edifícios que orlam a Praça D. Manuel I: «… aqui o meu pai teve uma oficina durante muitos anos, posteriormente a minha mãe abriu uma loja e eu próprio iniciei a minha atividade na advocacia num escritório aqui instalado»…

Seguiu-se o recordar das primeiras memórias de infância: «… quando brincávamos naquele terreiro aqui ao lado da Casa do Povo… o Hélio, o Zé Henrique, alguns deles ainda com lojas abertas nesta zona».

Terminou a sua intervenção com particulares agradecimentos: «… a todos os que se empenharam na concretização desta obra, institucionais ou particulares que contribuíram para o engrandecimento do espólio – os museus são casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores e formas… os museus ligam eras, povos e culturas diferentes».

Na literatura distribuída à Imprensa pelos Serviços da Câmara Municipal pode ler-se:

“Sabia que em Alvalade, em tempos, o mar formou um golfo onde nadaram tubarões e raias, havia abundância de peixe e bancos de ostras. As suas margens foram bebedouro para cavalos primitivos e outros grandes mamíferos que pastavam nas planícies ao redor… 

O Museu de Arqueologia pretende mostrar a riqueza histórica da freguesia de Alvalade e representa a concretização, por parte da Câmara Municipal, de uma antiga aspiração da população da Vila.  

Este é um lugar que guarda memórias. “Memórias da terra, das águas e dos povos”, construídas ao longo de milénios como alicerces onde assenta o futuro. Esse lugar está prestes a abrir portas e a revelar um passado que enche de orgulho a população de Alvalade, e que vai deixar os visitantes surpreendidos numa viagem inovadora por aquela que é, também, a nossa história”.

Sob uns quentes trinta e três graus, com o sol a pino e já no caminho de retorno, transpirando a bom transpirar com o calor emanado do asfalto, pensámos como é que foi possível essa existência? Será que as alterações climáticas não são um problema de hoje mas… talvez de sempre?