Utentes dizem que modelo das Unidades de Saúde Familiar têm “vários problemas”

Helga Nobre

A Comissão de Utentes dos Serviços Públicos do Concelho de Sines mostrou-se contra a criação da Unidade de Saúde Familiar (USF), inaugurada no início deste mês pelo Secretário de Estado da Saúde, Ricardo Mestre, em Sines, considerando que “este modelo B tem vários problemas”.

Num comunicado, a Comissão defendeu que o “modelo USF prevê a possibilidade de autonomia progressiva da unidade até atingir o modelo C (privatização)”.

“O caminho para a atomização e privatização dos cuidados primários será catastrófico para a saúde dos utentes, pois significa o fim dos cuidados universais”, realçou.

Para a organização, “o modelo que assenta em indicadores branqueia a necessidade da valorização do salário base dos profissionais de saúde”.

“Os baixos salários podem induzir ao cumprimento forçado de indicadores, para obter o necessário reforço salarial. Esse cumprimento forçado de indicadores pode nem sempre traduzir-se em verdadeiros ganhos em saúde e pode levar a que a lista de utentes abrangidos pela USF inclua aqueles com menor risco de doença”, argumentou.

Segundo a Comissão, o que se tem visto no terreno é que as Unidades de Cuidados Personalizados (UCSP) têm dado resposta à esmagadora maioria da população migrante, com listas de utentes altamente voláteis, por exemplo, mesmo sem os necessários recursos, enquanto que as USF costumam ter listas de utentes mais estáveis”.

Entende ainda a Comissão de Utentes que os cuidados primários apresentam, simultaneamente, vários modelos de organização em todo o país e até dentro da mesma Unidade Local de Saúde. É mais um ataque aos princípios básicos da constituição, pois cria utentes de primeira, de segunda e de terceira”.

“Não é por existirem USF que vão deixar de existir utentes sem médico de família. Em todas as USF do país estão em falta 1.125 médicos, 560 enfermeiros e ainda 567 secretários clínicos”, lê-se no comunicado.

 

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