Retrocesso civilizacional

Nestes dias fui convidado para participar numa reunião para preparar os cinquenta anos do 25 de Abril, e comecei a pensar o que de bom e mau nos veio com esta grande revolução. Não irei ser exaustivo, terei outras oportunidades para falar sobre este assunto. No entanto para abrir o apetite, e eu que nasci antes da revolução e que cresci com a própria, vou começar a fazer algumas memórias. O renascer depois de um tempo de ditadura foi algo que a todos alegrou e fez com que surgissem novidades e alegrias para todos. As escolas superiores multiplicaram-se, o Serviço Nacional de Saúde multiplicou-se e atingiu toda a população, as sedes de concelho tinham os seus “pequenos hospitais”, que eram Centros de Saúde com internamentos. As estradas foram também sendo melhoradas, novas barragens foram construídas e outras terminadas. A entrada na União Europeia foi de grande importância porque nos trouxe muitos investimentos e dinheiro que ajudou na renovação do país. Vivemos umas décadas de grandes melhorias para todos. Mas o cansaço e os interesses económicos fizeram com que algum retrocesso civilizacional surgisse no horizonte. Mas que retrocesso é este a que me refiro? Para mim retrocesso é sempre que perdemos qualidade de vida em sociedade. E foi de facto, porque perdemos acessos a muitas coisas essenciais para a nossa vida quotidiana. Perdemos os “pequenos hospitais” concelhios que tínhamos, onde havia médico para nos atender e internamentos para algumas pessoas. Havia médicos que atendiam em quase todas as sedes de freguesia, hoje grande parte nem médico de família tem. Havia também autoridades, policia ou GNR na maioria das freguesias, hoje também isso nos foi retirado. E é propício a existência de delitos que não se controlam sem as autoridades. Algumas conquistas como caixas multibanco, que foram retiradas de alguns sítios fundamentais. As pessoas primeiro, deve ser sempre as pessoas, depois a economia.

Leme 843