Fábrica da Indorama em Sines avança com ‘lay-off’ durante seis meses

Helga Nobre

A multinacional tailandesa Indorama Ventures iniciou, este mês, com o processo de ‘lay-off’ na fábrica de Sines por um período de seis meses e abrangendo 134 trabalhadores desta unidade.

“Sabemos, através da Comissão de Trabalhadores, que a empresa apresentou uma proposta de ‘lay-off’”, avançou o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Sul (SITE Sul), Hélder Guerreiro.

De acordo com o Sindicato, em comunicado, a Administração avançou com uma proposta que engloba a paragem da produção durante “seis meses renováveis por igual período e o pagamento de 66% do salário atual dos trabalhadores no próximo ano”.

Para o sindicalista, a proposta “é de todo inaceitável, uma vez que não lembra a ninguém uma empresa estar um ano parada em ‘lay-off’ a receber subsídios da Segurança Social”.

Por essa razão, o SITE Sul realizou um plenário de trabalhadores, nas instalações da empresa, em Sines, onde foi “aprovada a rejeição do documento”, explicou.

Durante o plenário “os trabalhadores aprovaram a rejeição dessa proposta da Administração da Indorama, ou seja os trabalhadores não aceitam receber 66% do salário nos próximos meses e veremos como a situação vai evoluir nos seis meses a seguir”, acrescentou.

No comunicado, o SITE Sul lamentou que, apesar de se tratar de “uma multinacional com mais cem fábricas em todo o mundo e com uma valorização bolsista de 150 mil milhões de dólares (cerca de 140,5 milhões de euros), a Indorama Ventures recuse qualquer pagamento acrescido aos trabalhadores neste período por um problema para o qual os trabalhadores em nada contribuíram”.

Segundo o SITE Sul, a proposta de ‘lay-off’ apresentada pela Administração da Indorama “traz ainda grandes preocupações relativamente à segurança das instalações em que é pretendido reduzir o número de trabalhadores destinados a assegurar a integridade de uma fábrica classificada como SEVESO com impacto direto na região”.

Em agosto o sindicato pediu uma reunião urgente ao Ministro da Economia para o sensibilizar para a urgência de tomada de medidas que salvaguardem os postos de trabalho da unidade fabril e a economia nacional.

Autarca vai encetar esforços para minimizar impacto de ‘lay-off’ na Indorama em Sines

O Presidente da Câmara de Sines, Nuno Mascarenhas, prometeu encetar esforços para tentar minimizar os impactos da paragem de produção na Indorama, mostrando-se preocupado com os salários dos trabalhadores.

“Vejo esta situação com preocupação quando estão em causa postos de trabalho e remunerações dos 134 trabalhadores desta unidade fabril”, afirmou o Autarca que, no passado dia 20 de setembro, recebeu uma delegação de trabalhadores e dirigentes sindicais.

No final do encontro, o Autarca explicou que os trabalhadores “transmitiram as suas preocupações relativamente aos salários, que vão ser reduzidos, e que, por essa razão, vai encetar todos os esforços no sentido de minimizar o impacto do ‘lay-off’ anunciado pela empresa”.

“Essa é uma questão que tem impactos muito negativos na vida das pessoas e espero sinceramente que esta situação possa ser alterada. Vou fazer alguns contactos, não apenas com a empresa, como também com o Ministério da Economia, que tutela esta área, no sentido de tentar evitar que esta situação aconteça”, referiu.

O Autarca defendeu que a paragem de produção desta unidade fabril “requer um acompanhamento muito próximo por parte das Entidades oficiais no sentido de tentar minimizar o impacto negativo junto dos trabalhadores”.

“O facto de a empresa poder vir a assumir a restante percentagem dos vencimentos era algo bastante positivo”, avançou Nuno Mascarenhas, acrescentando que o Município vai “tentar sensibilizar os responsáveis da empresa nesse sentido”.

No encontro com o Autarca, a Delegação de trabalhadores da Indorama e dirigentes sindicais, entregou um documento, aprovado em plenário, onde reclamam “igualdade de tratamento de todos os trabalhadores no pagamento dos salários e uma intervenção do Governo para impedir mais um saque aos cofres públicos e a preservação de todos os postos de trabalho”.

No documento, os trabalhadores solicitam igualmente a intervenção do Presidente da Câmara de Sines junto do Governo e da Administração da Indorama para garantir a segurança das instalações, uma vez que se pretende reduzir o número de colaboradores que fazem esse trabalho.

Em agosto, o sindicato pediu uma reunião urgente ao Ministro da Economia para o sensibilizar para a urgência de tomada de medidas que salvaguardem os postos de trabalho da unidade fabril e a economia nacional.

A empresa tailandesa Indorama Ventures adquiriu, em novembro de 2017, a antiga fábrica da Artlant, unidade industrial ligada à área petroquímica instalada no complexo industrial de Sines, num investimento de 28 milhões de euros.

A Artlant, que tinha a Caixa Geral de Depósitos (CGD) como principal credora, foi declarada insolvente pelo Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa no final do mês de julho de 2017, dois anos depois de ter entrado em Processo Especial de Revitalização (PER).

A unidade fabril, agora nas mãos da Indorama Ventures, é produtora de ácido tereftálico purificado, a matéria-prima utilizada para a produção de politereftalato de etileno (PET), componente base no fabrico de embalagens de plástico para uso alimentar (como garrafas para bebidas), e tem uma capacidade produtiva de 700 mil toneladas por ano.

Foto: Joaquim Bernardo

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