Não há volta a dar-lhe!!!… qual ser omnipresente… qual fenómeno mediático de cariz absolutista… ela aí esteve… ela aí está e ela por cá se manterá nos próximos tempos a viver connosco – sua excelência a eleição legislativa!!!…
José Manuel Claro
Foram quase duas dezenas de partidos disputando avidamente o pequeno naco do poder… pequeno em tudo até nas matérias que exigirão a tomada de opções… sim!!!… não nos esqueçamos que somos um País da União Europeia e como tal submetido aos ditames governativos maioritariamente imposto de fora para dentro numa tentativa e homogeneização dos padrões existenciais dos povos que a constituem…
De diferente… desta vez… uma fatia de bolo de uns largos milhares de milhões para serem aplicados nos programas destinados a minorar os efeitos pandémicos que nos têm assolado… promover a “literacia informática social” e… mais isto e mais aquilo…
Olho para o País e vejo uns quantos… poucos… em louca correria contra o tempo para constituírem governo e… a grande maioria… distendendo-se longe dos holofotes da comunicação… como que descansando da enorme maratona que percorreram desde o Natal e até aos presentes dias…
Os distendidos estão todos com um lápis na mão fazendo contas aos votos que conseguiram conquistar nas urnas… tentando calcular o quanto lhes é devido como resultado daquilo que o Estado lhes prodigaliza por terem participado e que é diretamente proporcional ao número de votos expressos… são o equivalente às Rêmoras que pululam em redor da boca do tubarão para se aproveitarem das migalhas que não foram ingeridas…
Veio-me à memória as variadíssimas entrevistas feitas a atores e cantores da nossa praça que a páginas tantas quando são inquiridos se se sentem realizados na carreira soltam cá para fora a lapidar frase: «sinto-me realizado porque faço aquilo de que gosto e ainda por cima me pagam para fazê-lo»…
Não!!!… o pagamento não é feito pelo contributo dado à resolução dos problemas reais do País mas antes… pela representação teatral levado a cabo numa rua… num mercado ou num ajuntamento perto de nós… uns saltimbancos perfeitos…
Salvo erro ou omissão…cruzei-me por duas vezes em dias alternados com aquelas embaixadas andantes partidárias… por sinal do mesmo partido… e com uma postura idêntica em ambas – vestiam t-shirts com as cores do partido… carregavam ao ombro umas bandeiras oficiais e… os da frente… iam tentando distribuir a cada passante um “flyer”… qual “Tábua dos Dez Mandamentos Partidários”… para nos tentarem convencer das virtudes das suas propostas…
Se alguém menos avisado os interpelava… faziam-se desentendidos… olhavam e acenavam noutra direção e… toca a andar que se faz tarde!!!…
Quem acompanhou televisivamente a cobertura da campanha viu que era nas visitas aos mercados que se sentia a atração pelo abismo – contrariando as normas instituídas pela DGS e destinadas a um relacionamento social correto no que respeita à pandemia vigente… eram beijos e abraços aos molhos!!!… vá de vilanagem minha gente!!!… e tudo acabava com o tradicional «conto com o seu voto no dia 30!!!»…
Para o povaréu foi uma oportunidade única de ter ali à mão as vedetas mediáticas do seu dia a dia – «ainda ontem o vi naquele debate!!!»… «gostei muito da resposta que deu àquele do partido… ai de que partido era???»… «vês filho estes são os senhores que discutem na Assembleia»…
Desde o tempo da monarquia que não se via coisa assim… o povo exulta… grita… bate palmas e… até se esquece de fazer as perguntas que lhe andam a atormentar a existência há um ror de anos a esta parte – «olhe!!!… defenda-me lá no meio daqueles malandros!!!»… gritava uma bem entrada e andrajosa velhota… com o rosto coberto pelos sulcos da vida… vergada ao peso dos seus oitentas mal vividos e que quando abriu a boca para falar apenas exibiu um dente daqueles muitos que teve ao longo da sua existência…
Estava ali… plasmada diante do jornalista… a atual realidade duma nação ditosa e que “valerosos” filhos já deu ao mundo…