Fórum Social debate futuro dos trabalhadores da Central Termoeléctrica de Sines

O secretário de Estado da Energia, João Galamba, avançou que o projeto de instalação de uma fábrica de hidrogénio verde em Sines vai permitir criar mais de mil postos de trabalho até 2030 em resposta ao encerramento da produção da Central Termoelétrica de Sines.

O governante falava no decorrer do Fórum Social, em Sines, iniciativa promovida pelo Sindicato das Indústrias, Energias, Serviços e Águas de Portugal (SIEAP), no passado dia 07 de março, para debater o encerramento da Central Termoelétrica de Sines e as consequências sociais e económicas para a região do Litoral Alentejano.

“A transição energética no Complexo de Sines não implicará uma redução líquida do número de postos de trabalho, mas um aumento do número líquido de postos de trabalho. O projeto do
hidrogénio é uma grande oportunidade industrial e de emprego para o país e o saldo é claramente positivo que implicará a criação de mais de mil postos de trabalho”, afirmou.

No encontro, que contou com a participação dos Autarcas dos Concelhos de Sines e Santiago do Cacém, dirigentes sindicais e do diretor da Central de Sines da EDP, o Secretário de Estado da Energia adiantou que o Governo está a trabalhar em duas áreas para minimizar o impacto
social provocado pelo encerramento da produção da Central Termoelétrica em 2023.

Dando como exemplo as medidas adotadas no ‘Cluster’ Aeronáutico de Évora, João Galamba adiantou que o Governo “irá inscrever no seu Programa Nacional de Energia e Clima um conjunto
de iniciativas para reaproveitar, formar e ajudar os trabalhadores para os dotar de formação específica nessa área”.

Nesse sentido, durante o fórum, que se realizou no Centro de Artes de Sines, foi assinado um protocolo entre o Fundo Ambiental e o Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP), com um montante de 100 mil euros, para a realização de um estudo de requalificação profissional dos trabalhadores das Centrais a Carvão do Pego e de Sines.

À margem do encontro, o governante reforçou que estas iniciativas “servem para mostrar aos trabalhadores que hoje têm uma incerteza em relação ao seu  futuro que o Governo está a trabalhar para trazer investimentos muito significativos a esta região que permitirão mostrar que a
transição energética pode ser uma oportunidade e não uma ameaça”.

Reconhecendo que “estas oportunidades não chegarão a todos os trabalhadores da Central Termoelétrica de Sines, por se encontrarem em situações de pré-reforma ou até de reforma”, o
governante adiantou que as medidas irão beneficiar “os trabalhadores mais novos”.

“Para aqueles que sejam mais novos e para quem o futuro profissional não acabará com esta Central, poderão continuar a imaginar a sua vida em Sines, no setor da energia, que terá muitas
oportunidades e que estamos a trabalhar para, na medida do possível, integrar a maioria dos trabalhadores nesses novos investimentos”, garantiu.

O encerramento da produção da Central Termoelétrica de Sines, previsto para 2023, abrangerá um universo de 500 trabalhadores, entre trabalhadores diretos e indiretos.

Por sua vez, o SIEAP, diz que “apesar de bem vindos os projetos podem não coincidir no tempo” e apelou à articulação dos vários ministérios na implementação de “medidas preventivas”.

“São projetos que, provavelmente, não vão coincidir no tempo. Existe uma necessidade de articular com outros ministérios, como o do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, medidas preventivas para requalificação destes trabalhadores, para uma maior empregabilidade, e medidas excecionais, para o acesso à reforma ou prolongamento do subsídio de desemprego”, sublinhou
Cláudio Santiago.

Sines reitera disponibilidade para colaborar com trabalhadores

O Presidente da Câmara Municipal de Sines, Nuno Mascarenhas, reiterou a disponibilidade da Autarquia para colaborar com os trabalhadores e com todas as entidades envolvidas no processo
de descontinuação da atividade da Central Termoelétrica de Sines, prevista para 2023.

O autarca, que falava aos jornalistas à margem do Fórum Social, adiantou que “há alternativas para estes trabalhadores”. “Desde a primeira hora que fizemos todos os contactos com os membros do
Governo que sempre nos transmitiram que haveria alternativas para estes trabalhadores que passam por encontrar outros investimentos no Concelho que possam vir a absorver grande parte desta mão de obra”.

“São projetos que, provavelmente, não vão coincidir no tempo. Existe uma necessidade de articular com outros ministérios, como o do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, medidas preventivas para requalificação destes trabalhadores, para uma maior empregabilidade, e medidas excecionais, para o acesso à reforma ou prolongamento do subsídio de desemprego”, sublinhou
Cláudio Santiago.

Na sessão, o Presidente da Câmara Municipal de Sines mostrou-se preocupado com o futuro dos
trabalhadores da Central, mas também de outras empresas e setores de atividade que lhe estão associados.

“A Câmara irá acompanhar, dentro daquilo que são as suas competências, ajudando os trabalhadores e o sindicato a encontrar alternativas que sejam credíveis para o futuro destas famílias, que são algumas centenas”, acrescentou.

No entanto, durante o fórum, o Presidente da Câmara manifestou preocupação com as possibilidades não só de, por inviabilidade económica, a Central ter de encerrar mais cedo, mas também de os novos investimentos previstos sofrerem atrasos na sua concretização, apelando ao Governo para acelerar todos os processos relativos aos novos investimentos.

“É importante estarmos preparados para esses atrasos, e apelo ao Secretário de Estado para conseguirmos acelerar todos estes processos de novos investimentos”, disse Nuno Mascarenhas.

João Amaral, Diretor da Central, disse que a EDP vai respeitar a data de setembro de 2023 fixada pelo governo e que não há qualquer decisão da empresa sobre uma eventual antecipação do encerramento relativamente a essa data.

“Todas as responsabilidades da EDP para com os seus trabalhadores e contratados vão ser cumpridas sem omissão ou falha”, acrescentou.

Unidade de hidrogénio verde inicia produção em 2022

O projeto para a instalação de uma unidade industrial de transformação de hidrogénio verde, em Sines, terá início em 2021, estando previsto “o início da produção em 2022″, adiantou o secretário
de Estado da Energia, João Galamba.

“O que está planeado é que o projeto se inicie em 2021 e, em 2022, em princípio, já haverá produção de hidrogénio em Sines, obviamente, ainda numa escala que será diferente daquela
que se perspetiva para 2030 porque é um projeto por fases”, avançou.

Uma das dimensões do projeto, adiantou, “passa por uma parceria com o Governo da Holanda e terá uma vertente de exportação significativa, sendo uma oportunidade para o porto de Sines se
requalificar e se dotar de um conjunto de infraestruturas ou converter algumas que já existem para que Sines seja um grande ‘hub’ de produção e de exportação de hidrogénio”.

Artigo completo disponível na edição em papel de 19 de Março de 2020, n.º 758