Jovializar por Aí: Carta dirigida aos futuros leitores do Sermão Vieiriano

Estimados colegas,

Para quem depois de mim tiver de ler o “Sermão de Santo António aos Peixes”, do Pe. António Vieira, não desanime porque
nem tudo o que parece é e, neste caso, a obra é mais interessante do que pode parecer à primeira vista e, certamente, sucederá deixarmo-nos aliciar pela mensagem que a mesma veicula.

À partida, um dos muitos pensamentos que nos passa pela cabeça quando temos de estudar o Sermão vieiriano é «Por que é que temos de ler isto? É uma seca!» Mas a verdade é que nem sempre temos a capacidade de perceber aquilo que está para além das linhas… Importa pois sermos capazes de ler nas “entrelinhas”, procurar perceber o verdadeiro significado da mensagem, no meio de todo aquele estilo engenhoso, metafórico, uma espécie de jogo do gato e do rato. Neste âmbito, Padre António Vieira foi o “Imperador da Língua Portuguesa”, de acordo com as palavras de Fernando Pessoa, que engenhosamente construiu um texto com base numa alegoria como forma de chamar a tenção do púlpito a quem se dirigia e edificar a sociedade.

Porque intemporal, o “Sermão de Santo António” é, direi, uma obra cativante, que tece duras críticas ao comportamento  humano, recorrendo aos peixes. Estabelece-se uma relação de semelhança e oposição, simultaneamente, entre os peixes e os
homens, na medida em que os louvores dos peixes são, por oposição, a metáfora dos defeitos do homem e os vícios dos peixes são também a metáfora dos defeitos do homem.

Por Beatriz Domingos, n.º 3, 12ºB, ESPAM (Ano letivo 2016/2017),

sob coordenação da professora Paula Moreira de Carvalho

Artigo completo disponível na edição em papel de 09 de novembro de 2017, n.º 703