Opinião: A menina dos nossos olhos

João Madeira

João MadeiraPor João Madeira, Professor e Historiador

Bastou que caíssem as primeiras chuvas para que nas bolsas de estacionamento da Costa de Santo André se voltassem a abrir as primeiras crateras da temporada. Custa a acreditar que alguém com capacidade de intervenção ou decisão não se tivesse apercebido disso.

O assunto mostra à evidência a irresponsabilidade ou a insensibilidade das entidades envolvidas, Polis Sudoeste e Câmara Municipal incluídas, numa obra que, números globais, ultrapassou o milhão de euros de dinheiros públicos.

A intervenção, evidenciando preocupações ambientais, é verdade, esteve, porém, sempre de costas votadas para a identidade cultural da zona – um assentamento piscatório do século XIX, à sombra do qual o turismo foi desde os últimos anos 60 substituindo a pesca da xávega e forçando a decadência da pesca na lagoa.

Continua, por outro lado, em vigor, um plano de pormenor para a Costa, que aprovado em 2006 e publicado em Diário da República em 2008, não saiu ainda do papel, porque se trata, como na altura do debate público foi assinalado, de um plano
em larga medida inexequível, designadamente no que se refere ao “aldeamento”, por implicar um complexo processo de emparcelamentos e permutas fundiárias prévias ao loteamento turístico.

Artigo completo na edição em papel de 20 de outubro de 2016, n.º 679