Quando o jipe da GNR chega Armindo Lacerda está no café à conversa mas logo se levanta, sabe que vêm saber dele. Vive na aldeia do Cano, perto do Cercal do Alentejo, onde a população é das mais envelhecidas do concelho. Com 88 anos tem passo ligeiro e está bem apresentado, fala com desembaraço e tem sorriso fácil.
Vive só mas não se atrapalha, trata da sua comida e da horta, vai à vila e aos bailaricos. Mostra a quem quer ver o seu maior orgulho, as peças de artesanato que ao longo de 20 anos foi esculpindo.
“Foi assim que mantive a cabeça ocupada e combati a solidão. Outro segredo da sua vitalidade diz é nunca ter fumado, “e só bebo um copinho às refeições.” Os filhos, a viver longe mas presentes, ligam todos os dias à mesma hora, “para não atender chamadas do conto do vigário.”
As visitas são frequentes e o último Natal foi passado com a filha e os netos. Entre a conversa o Cabo-Mor Vítor Valentim e o Cabo José Balhau tentam saber se tem comida, se a limpeza da casa é feita ou se toma os medicamentos.
Alertam também para estar atendo a estranhos e não assinar nada. E à ali de brincadeira perguntam como é que as coisas têm corrido com as “moças” da aldeia.
Artigo completo na edição em papel de 07 de Maio de 2015, n.º 646