O Mundo… Sangrento Tabuleiro de Xadrês

CRÓNICA DA QUOTIDIANA VIVÊNCIA

José Manuel Claro

 1 – Para não fugir à regra, e na linha dos últimos atos beligerantes, que estamos vivendo pelo mundo, os confrontos bélicos que se desenvolvem na Faixa de Gaza, chegam até nós com um rótulo de ‘guerra em direto’.

Trata-se efetivamente da mediatização de um conflito, com manifestos prejuízos para as partes direta ou indiretamente intervenientes. Através das imagens que nos vão chegando, facilmente detetamos os vestígios dessa mediatização e de quem a provocou.

Tudo isto vem a talhe de foice, pelas declarações proferidas pelo Secretário Geral das Nações Unidas, chamando a atenção, para a realidade comportamental da nossa sociedade ocidental, resultante de uma total subjugação aos Estados Unidos da América (EUA) que, por sua vez, estão manietados aos interesses financeiros, até aqui dominados pelos judeus que, com o seu dinheiro, vão suportando a maior dívida externa do mundo, precisamente a Americana.

Estou certo de que ele, o Engº António Guterres, apenas falou para aquele bloco de Países que, num alinhamento político cego, não viu ou não quis ver, um bocado para além do imediatismo dos primeiros tiros.

 

2 – Tentando fazer luz sobre a história e, talvez lançar pontes de concórdia para pôr fim à sangrenta chacina a que estamos a assistir, o Secretário Geral da ONU, como que deu um murro na mesa, chamando os bois pelos nomes e… aqui D’El Rei, de repente virou inimigo público e um alvo a abater.

Em termos práticos deu a entender que a Faixa de Gaza, não passa de uma prisão a céu aberto onde vivem, ou melhor, vegetam, milhões de Palestinanos, encontrando aí a causa próxima para a rebelião desencadeada no princípio de outubro.

Se nos debruçarmos um bocado sobre alguns estudos sociológicos publicados sobre esta Faixa de Gaza, concluiremos que a principal atividade da população que ali vive, é a de produzir filhos, recebendo da Autoridade Palestiniana um subsídio por cada descendente.

Se atendermos bem à tipificação sociológica da vivência palestiniana na Faixa de Gaza, poder-se-á dizer que vive num enorme campo de concentração, em que os principais meios de sobrevivência advêm de Israel que, a seu belo prazer e prosseguindo um desígnio de guerra declarada ao HAMAS, como que fechou as válvulas de abastecimento a toda aquela população, o que prefigura um genocídio em larga escala, cujas principais vítimas são as crianças.

 

3 – Numa análise política ao sucedido e talvez reconhecendo que ainda é cedo para escrever a história destes dias, não nos custa acreditar que o confronto agora despoletado teve como que um empurrão do bloco Russo/Iraniano, visando a criação de uma segunda frente de batalha em que se envolvesse a maior potência militar mundial, os EUA, numa tentativa de enfraquecer o auxílio à frente ucraniana.

Todo aquele cenário inicial da revolta palestiniana, a reação do Estado Judaico, situação já de si macabra, talvez se junte agora a instigação provocada por terceiros que, manifestando um gritante desprezo pela condição desumana em que já viviam aquelas populações, arremessou-as, quais marionetas, unicamente de peito feito, ao encontro das balas do inimigo.

O nosso entender, sempre terá dificuldade em perceber o porquê e o como das medidas tomadas pelos blocos antagónicos, sacrificando gerações, ceifando de uma forma gratuita e desumana as vidas que, já por si, viviam com os horizontes muito reduzidos.

E tudo isto, às portas cada vez mais entreabertas de uma velha Europa, cujo alinhamento político se enfeudou a outros interesses que nem sempre coincidem com os seus.

Permitam-me uma citação: «Do rio que tudo arrasta se diz que é violento. Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem» Bertolt Brecht.

Leme 841