CRÓNICA DA QUOTIDIANA VIVÊNCIA – José Manuel Claro

 A PARTIR DOS SANTOS… SÓ NOS PREOCUPAMOS COM FESTAS E FESTINHAS!

1 – Isto se não sobrevierem mais alguns ‘casos e casinhos’, no dizer lamuriento do nosso Primeiro-Ministro.

Poderá não haver a exclusividade das atenções do povo para as tais festas e festinhas que vão pulular por aí, sim! porque nunca sabemos o que nos está reservado na atualidade nacional em que, usando os aforismos populares, ‘cada cavadela minhoca’ e ‘cada tiro cada melro’.

Pelo menos assim tem sido nestes últimos tempos e agora há que esperar o contra-ataque dos que têm andado na berlinda, principalmente se, por alguma vicissitude do destino, surgir no horizonte algumas eleições antecipadas.

No meio disto tudo, quem se está a sobrealimentar, são as centrais de informação que trabalham para os partidos e que vão alegrando as hostes com um ‘pinga-pinga’ constante, qual suplício de Tântalo, não tirando poder aos que lá estão, mas desacreditando o País enquanto sociedade organizada ou… que deveria estar.

 

2 – Mas voltando às festas que, um pouco por todo o lado, se vão realizando ou estão anunciadas, sobressai o FMM (Festival de Músicas do Mundo), que se vai fazer ouvir ali para os lados de Porto Covo e Sines.

Sim, também tivemos a ‘Festa de Verão’ e o Festival das Cores em Vila Nova de Santo André, teremos as Tasquinhas de Sines e de S. Luís, a FACECO em S. Teotónio, isto só para referir as organizações de maior envergadura, não olvidando o concerto que o Mestre António Chaínho vai dar no próximo dia 24 em Santiago do Cacém.

Por aquilo que se tem visto deste Verão cá pelo Litoral Alentejano, poderemos dizer que a coisa está fraca, sendo notório um decréscimo de frequência nas praias e restauração da zona.

Talvez indo ‘o sapateiro além da chinela’, vejo nesta retração das gentes no que concerne aos fluxos turísticos, uma falta de disposição para toda esta parafernália de festas e festinhas, motivada pela sucessão de ‘casos e casinhos’ que têm atingido o nosso quotidiano.

Que falta o dinheiro? pois falta… que paralelamente a estas festas institucionais se vão realizando uns quantos megaconcertos que para além de sorvedouros de dinheiro dos bolsos da juventude, lhes vão propiciando uns dias de liberdade longe do poder paternal, também é um facto mas, até há bem pouco tempo os meios iam chegando para tudo, e agora, talvez por opção das famílias que não sabem as linhas com que se terão de cozer amanhã, exista uma certa retração em relação aos gastos.

 

3 – Os últimos dados publicados pela ‘PORDATA’ com alguns dos parâmetros caracterizadores da nossa sociedade, sobrepõe-se a toda esta sucessão de ‘casos e casinhos’ e, porque não, de ‘festas e festinhas’, que por cá vão acontecendo.

Assistimos a um País a recuar no seio do pelotão onde estamos inseridos e em que a condição de ‘País do Sul’, não explica tudo.

Não surgem políticas estruturantes que permitam o respeito mútuo numa sociedade que nunca poderá ser igualitária, mas em que os desníveis sejam suavizados.

Quando surgem uns dinheirinhos vindos da Europa, assistimos a discussões diárias de ‘Alecrim e Manjerona’ sobre o onde, como e quando, deverão ser aplicados, o que, aliado à falta de estatura política dos nossos governantes, conduz-nos à triste situação de ‘sem futuro’.

Qualquer dia, e já não andaremos longe, nem emigrantes conseguiremos para trabalharem e garantirem o pão que comemos diariamente.

Começam a surgir casos em que se prova que já funcionamos como placa giratória dos fluxos migratórios para a velha Europa, para países que vão tendo o discernimento de rentabilizarem os poucos mecanismos sociais que lhes garantam o amanhã.

Por cá, vamos entrar na época das ‘festas e festinhas’, aqui e ali mescladas por um ou outro ‘caso ou casinho’.                    José Manuel Claro