Por Gisela de Almeida, em França
Tenho a sorte de trabalhar numa empresa onde a multiculturalidade é um valor essencial; entre os cerca de 40 funcionários falam-se 15 línguas diferentes.
No meu dia-a-dia profissional oiço e falo várias línguas e talvez seja o único lugar onde posso falar português à vontade sem que as pessoas fiquem a olhar para mim como se fosse uma turista. Mas de vez em quando dou comigo a usar palavras de idiomas diferentes na mesma frase, por uma questão de economia de pensamento, ou seja, o importante é a ideia, venha a palavra na língua que vier primeiro.
Claro que isto funciona se estiver a falar com uma colega brasileira e utilizar termos do trabalho em francês. Aos olhos de pessoas do exterior pode parecer ridículo, mas no trabalho é absolutamente normal.
Nos meus tempos de Erasmus era a mesma coisa, o inglês que os alunos internacionais falavam tinha por vezes palavras que mesmo não sendo em inglês se introduziam no vocabulário corrente e eram aceites por toda a gente com imensa normalidade.
Eu gosto sempre de fazer a distinção entre inglês e inglês-erasmus. Quando vivia em Portugal, tinha muita dificuldade em perceber aquela mania que têm alguns emigrantes de falar metade em português e metade noutra língua com os filhos.
Artigo completo na edição em papel de 19 de Março de 2015, n.º 643