Na Santiagro: Secretário de Estado da Agricultura assume compromisso de ser aliado do setor agropecuário

Helga Nobre

O Secretário de Estado da Agricultura, João Moura, disse, em Santiago do Cacém, que é preciso “desmistificar” a ideia de que o setor agrícola é “o pior gastador de água” em Portugal e reforçar que o setor tem evoluído, nos últimos anos, “ao nível da eficiência do uso da água”.

“Em primeiro lugar queremos desmistificar um conceito que existe em Portugal e que erradamente tem sido transmitido, até aos mais jovens, de que a agricultura é o pior gastador de água e o pior consumidor de água no nosso país. Quero desmistificar isso porque o homem agricultor utiliza a água para transformar os alimentos”, referiu.

De acordo com João Moura aquilo que tem acontecido no nosso País, nos últimos anos, “é uma evolução que as pessoas desconhecem ao nível da eficiência do uso da água, ao nível da utilização de novas tecnologias, em que a água hoje já não é usada, como era habitualmente, por gravidade, os sistemas de rega são feitos sob pressão, gota a gota, e portanto há um uso eficiente da água”.

Para o Governante, que falava à margem da cerimónia de inauguração da 36.ª edição da Santiagro – Feira Agropecuária e do Cavalo, que decorreu entre 30 de maio e 02 de junho, “a maior parte das perdas de água que existem em Portugal são precisamente nos sistemas de abastecimento de água doméstica”.

“Há Municípios com 60, 70 e 80% de perdas de abastecimento de água e aí sim é preocupante, porque temos de rever um conjunto de obras, infraestruturas, de requalificação de água para melhoria desses sistemas”, frisou.

Relativamente à agricultura, o Governante disse que é preciso ter “com alguma equidade e inteligência, de não permitir que haja todo o tipo de culturas e em todo o lado”.

“Agora regadio sim, sempre porque é isso que permite que a agricultura portuguesa seja mais competitiva e não estejamos sempre dependentes da meteorologia”, acrescentou.

Durante a cerimónia de inauguração, João Moura assumiu o compromisso de vir a ser um aliado do setor agropecuário e dos investimentos previstos para a região, como a ligação à barragem de Alqueva.

“Embora não tenha a solução para a concretização destes projetos serei seu aliado para encontrá-la seja através dos Fundos de Coesão, Ambiental para que esta ligação e bloco de rega seja uma realidade e a agricultura seja uma atividade valorizada”, vincou.

Para o Governante, a Santiagro é um “certame importantíssimo e uma montra da atividade rural que existe no nosso país”.

“Aqui com um especial ênfase à equitação, ao cavalo, que é uma das espécies autóctones sendo este um ano muito particular porque vamos ter vários atletas olímpicos em várias modalidades de atividades equestres”, realçou

Para João Moura, este certame “é um complemento muito bom aquilo que é a atividade no dia a dia nos Municípios, conciliado com divertimento, música ao vivo, gastronomia e uma série de atividades paralelas que servem para que as pessoas sejam mais felizes no seu dia a dia”.

Por seu lado, em declarações aos jornalistas, o Presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, voltou a defender mais “políticas públicas de investimento”.

“É certo que o anterior Ministério da Agricultura, nomeadamente, a Ministra foi muito má e por isso esperamos mais com o novo Governo e com novos atores”.

Mas, afirmou, “também as questões políticas são importantes, e o caso da ligação da barragem de Campilhas a Alqueva é uma reivindicação antiga, o projeto está a ser feito, a Câmara pagou a parte do projeto não financiada e, por isso, esperemos que haja condições financeiras”.

Na cerimónia de inauguração, “o Secretário de Estado da Agricultura assumiu isso, de uma maneira ou de outra, seja através do Fundo Ambiental ou outros fundos comunitários, porque é absolutamente fundamental para o futuro do setor agrícola no Concelho”, indicou.

Santiagro “é uma das maiores feiras de atividades económicas do Litoral Alentejano”

O Presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo (ERTAR), José Manuel Santos, considerou que a Santiagro é “uma das maiores feiras de atividades económicas do Litoral Alentejano que, apesar de ter o seu foco na agricultura e pecuária, também contribui para o setor do turismo”.

“Ainda que a temática seja a agricultura e a pecuária, a agricultura é cada vez mais uma atividade que pode ser importante para o turismo, pela relação que se pode estabelecer entre aquilo que uma dá e aquilo que outra pode vender e estudar nos seus canais de comercialização e esta feira é sempre um momento de agregação e de atração de pessoas da comunidade local que se reencontra, ou seja é o primeiro grande evento do Litoral Alentejano neste quase verão de 2024”, afirmou.

Em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração do certame, o responsável acrescentou que os números da taxa turística no Alentejo “são bons e que o desafio é mantê-los e até fazer com que o Alentejo cresça em 2024 para que esta região continue a liderar no crescimento de dormidas e na procura internacional”.

“Precisamos de crescer mais ainda nas dormidas internacionais e esta zona tem desafios específicos, nomeadamente na sazonalidade que temos de reduzi-la e esbatê-la. Para tal, temos de conseguir atrair mais eventos, estes investimentos que vão aparecendo, estas estruturas de visitação, como o Parque Temático do Gin, as estruturas que já existem, como o Badoca Parque e o Centro de Congressos de Troia, são muito importantes para reduzir a sazonalidade”, defendeu.

Segundo o responsável, “é expectável que a região do Alentejo continue a crescer sendo que a qualidade dos empreendimentos turísticos que aqui se vão instalar irão ditar automaticamente essa procura”.

“Penso que os grandes desafios passam, por um lado, garantir que os turistas se distribuem durante todo o ano e possam usufruir daquilo que são os serviços turísticos de toda a região e, por outro lado, sermos muito disciplinados e assertivos naquilo que é a questão do ordenamento do território e mantermos a atratividade ambiental como o grande garante da sustentabilidade económica  deste território”, frisou.

Leme 855