Agricultores cortaram IC1 em protesto

Os agricultores paralisaram, no início deste mês, importantes vias de norte a sul do país, incluindo fronteiras, numa iniciativa do Movimento Civil de Agricultores, que se apresenta como espontâneo e apartidário, pela valorização do setor e condições justas.

O Itinerário Complementar (IC) 1, na zona da Mimosa, entre Ermidas-Sado e Alvalade, no concelho de Santiago do Cacém, esteve cortado ao trânsito, entre as 11:00 e as 21:00, num protesto que juntou cerca de 70 tratores e outros veículos agrícolas oriundos dos concelhos de Odemira, Ourique, Castro Verde, Aljustrel e Santiago do Cacém.

“É de notar que não são só agricultores, todo o setor se uniu. Temos aqui desde prestadores de serviços, como pessoas ligadas ao negócio da pecuária que percebem perfeitamente os pontos dos agricultores”, disse Diogo Brito Paes, do Movimento Civil de Agricultores.

No seu entender, as “ajudas foram cortadas numa total falta de respeito pelos agricultores”.

“As candidaturas foram feitas quase há um ano, por isso o Ministério [da Agricultura] tinha todas as informações necessárias na sua posse para avisar antecipadamente. Além disso, estamos num quadro mundial de transição energética e os cortes são feitos exatamente na transição energética”.

Os agricultores “aderiram em massa a essa transição energética e quando o fazem houve cortes exatamente nessas medidas”, criticou.

Questionado sobre o anúncio do Governo, um dia antes do protesto, com um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), Diogo Brito Paes disse que os agricultores “estão fartos de anúncios”.

“De anúncios estamos fartos há oito anos, ou seja o que se passa é que os anúncios são consecutivamente feitos, o quadro comunitário da PAC foi muito mal negociado, deveria ser negociado novamente do a ministra [da Agricultura] promete muito, mas cumpre pouco”, argumentou.

No entanto, cerca das 21:00, José Miguel Contreiras, também porta-voz do grupo, avançou que alguns agricultores decidiram desmobilizar e “esperar pela resposta concreta do Governo” às suas reivindicações “para decidirem novas medidas e formas de luta”.

“Saíram do local uns 40 tratores porque ainda tinham de percorrer grandes distâncias até às suas explorações, mas ainda permanecem pouco mais de 30” viaturas que deverão “sair durante a madrugada”, explicou.

O protesto decorreu um dia depois de o Governo ter anunciado um pacote de mais de 400 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).

O pacote abrange, entre outras, medidas à produção, no valor de 200 milhões de euros, assegurando a cobertura das quebras de produção e a criação de uma linha de crédito de 50 milhões de euros, com taxa de juro zero.

Segundo um comunicado do movimento, os agricultores reclamam o direito à alimentação adequada, condições justas e a valorização da atividade.

Foto e texto-Helga Nobre)

Jornal 847