Fátima Moita
Foi em Novembro de 1983 que a ESSA – Escola Secundária de Santo André abriu as suas portas, com o objetivo de fortalecer o ensino escolar, uma mais-valia para a cidade de Vila Nova de Santo André, por onde passaram gerações de jovens nascidos aqui, bem como muitos que para aqui vieram com os seus pais. Em 1997, adota o nome de ESPAM- Escola Secundária Padre António Macedo, sendo o Padre António Macedo e Silva o seu patrono1.
Centenas de alunos e ex-alunos, professores e ex-professores, funcionários e ex-funcionários, familiares, representantes de diversos Agrupamentos da Região estiveram presentes no dia 28 de novembro para celebrar os 40 anos da ESPAM e 10 anos do Agrupamento de Escolas de Santo André. Os Vereadores da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Albano Pereira e Sónia Gonçalves, a Presidente da Assembleia Municipal, Paula Lopes, bem com o Presidente da Junta de Freguesia de Santo André, David Gorgulho, o Vice-Presidente da Câmara Municipal de Sines, Fernando Ramos entre muitos outros convidados, marcaram também presença nas comemorações, que entre várias iniciativas ficaram marcadas pelas homenagens aos professores Mário Primo e Felizarda Barradas, novos patronos do Auditório da ESPAM e do Ginásio da EB nº1, respetivamente.
Celebrações e ofertas
As celebrações decorreram durante todo o dia a começar com o hastear da bandeira, logo de seguida, o Álvaro Graça fez a oferta de um telescópio, foi descerrada uma placa que ficou colocada no Átrio da Escola.
Dando início à sessão solene, a Professora Manuela Teixeira, Diretora do Agrupamento de Escolas de Santo André agradeceu, deu as boas-vindas a todos “(…) é um momento em que nos reunimos ao passado, celebramos o presente e olhamos para o futuro “esperançando”. (…) Nestes 40 anos, testemunhamos o poder transformador da educação, o florescer de talentos incontáveis, a força das amizades formadas nos corredores e a resiliência da nossa comunidade face aos desafios. Também pudemos acompanhar, ao longo destas quatro décadas, o amadurecimento de gerações que passaram por salas de aula, corredores, espaços de lazer, de entre outros. Foram momentos de partilha e construção que fazem parte da nossa história, da ESSA ao AESA. Falando do Agrupamento “este agrupamento não só uniu diversas Instituições sob uma mesma bandeira, como também fortaleceu os laços entre nós, proporcionando sinergias que enriquecem as experiências e as aprendizagens de todos. A Diretora concluiu dizendo “(…) juntos, continuaremos a trilhar o caminho da excelência, da inclusão e do crescimento constante”.
Também Nuno Andrade, destacou a importância que uma escola tenha uma comunidade educativa forte e participativa, “saiba construir de uma forma positiva para que todos os alunos se sintam valorizados e apoiados”.
De seguida tomou a palavra a Vereadora da Educação da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Sónia Gonçalves que, realçou o trabalho diário na escola feito por docentes e não docentes, lamentou a falta de professores nas escolas, salientou o canal aberto, praticamente quase diário, entre a Escola e Município, para resolução de problemas. Lamentou a falta de intervenção na ESPAM “40 anos depois, esta escola não teve uma única obra, ficou sempre de lado das escolhas que foram feitas por sucessivos governos”, salientou ainda o quão especial e única é esta escola em termos de espaços (oficinas, laboratórios, salas de arte, espaços exteriores,etc (…). Agora há uma promessa que se chama PRR-Plano de Recuperação e Resiliência, soubemos no Conselho Municipal de Educação, que há dinheiro para o Alentejo. Em março é o limite para as candidaturas de requalificação de escolas. O dinheiro que está disponível para o Alentejo, pelas nossas contas, dará para esta escola e mais uma ou duas. (…) Tudo estamos a fazer (…) teremos a candidatura desta escola para as datas que nos estão a dar (…). Queremos é esta escola requalificada como ela merece, como o ensino público merece (…)”. A concluir Sónia Gonçalves, ofereceu uma lembrança da CMSC ao AESA
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Recordações partilhadas
A sessão ficou ainda marcada com recordações partilhadas de quem esteve na escola desde a sua primeira hora, nomeadamente, o Professor Paulo Barba e Silva, da Comissão Instaladora, que, na sua intervenção, lembrou Luísa Pais (da Comissão Instaladora) e Anabela Araújo, primeira Presidente do Conselho Diretivo desta Escola. O Professor referiu ainda que “(…) instalar e lançar uma escola é sempre complicado, e não foi fácil (…)”.
Noémia Pires, contando um pouco do historial da ESPAM, “(…)recordou que esta escola, em termos de tipologia, era um escola aberta, ampla com uma estrutura completamente diferente das outras escolas, bem equipada com ginásios, auditório, uma série de instalações, que, na altura, faziam toda a diferença”. Lembrou que “(…) foram anos muito intensos, muito bons, com muito entusiasmo. A escola estava a começar e, paralelamente, havia grandes desafios, muito trabalho e também muitas dificuldades (…)”. Lembrou que foi em 1997 que houve a mudança de nome de Escola Secundária de Santo André para ESPAM-Escola Secundária Padre António Macedo, através de uma proposta do Professor Mário Montes, que foi aprovada em Conselho de Escola.
No seu discurso, Luís Filipe explicou as mudanças e alterações na sociedade que se refletiram no ensino, enquanto esteve à frente da escola, numa fase diferente, em que as tecnologias de informação entraram em força na sociedade e a educação sofreu com isso. Foi preciso fazer adaptações, o que teve custos e dificuldades. Ao longo desse período a ESPAM desenvolveu as atividades letivas sempre procurando a melhoria constante na qualidade das aprendizagens. “A ESPAM abraçou vários projetos a nível nacional, ao longo deste período, abordou temas como as novas tecnologias (aquisição de redes e formação) temas sociais, os alunos puderam assistir a conferências e palestras sobre o ambiente, racismo, doenças mentais, solidariedade, cidadania, etc (…). Também a nível desportivo e científico, a escola desenvolveu muitas atividades, através de clubes (olimpíadas da Física, desporto escolar) (…) a nível artístico e cultural, (…) a nível da literatura, a nível de teatro… é impossível não se falar do “GATO” e das Mostras que permitiram que a Comunidade tivesse acesso a uma programação que não teria de outra maneira, assim como a nível musical também (…). Finalmente a interculturalidade através de projetos de intercâmbio europeu (…) e concluiu dizendo “durante esse período a ESPAM reafirmou-se como um dos principais pilares de intervenção da nossa Comunidade”.
Homenagem a Mário Primo
Após os discursos, na sessão solene, seguiu-se a homenagem ao Professor Mário Primo, um homem que além de ser docente, extrapolou a sua competência de docente, criando projetos no âmbito da expressão dramática com alunos. Esses projetos tiveram grande amplitude a nível nacional e internacional. Foi uma pessoa que marcou o contexto cultural da Freguesia e colocou a Freguesia no roteiro da cultura em Portugal. O homenageado não pôde estar presente na cerimónia, (devido a compromissos fora do País com o GATO), no descerrar da Placa no Auditório com o seu nome, em sua representação esteve a sua esposa, Maria Santos, que ouviu emocionada um poema lido por Ana Zorrinho, antiga aluna do AESA.
Publicamos na integra o agradecimento feito pelo Professor Mário Primo, publicado no seu mural do facebook “a celebração dos 40 anos da ESPAM incluiu a atribuição do meu nome ao Auditório da escola, uma homenagem que me apanhou de surpresa em terras açorianas e com a qual não contava em absoluto. Foi assim com alguma perplexidade que vi as fotografias e os vídeos que foram surgindo e sobretudo as muitas e afectuosas mensagens que as acompanhavam. Resta-me agradecer a distinção a quem o decidiu fazer e a todos que deram público testemunho da sua concordância. Este equipamento invulgar no panorama escolar do país teve um papel determinante no nascimento do GATO SA em 1988 e no desenvolvimento de uma dinâmica teatral talvez única em Portugal. Porém Vila Nova de Santo André merece e espera há décadas um AUDITÓRIO MUNICIPAL com dimensão adequada e condições dignas para as necessidades desta população que aprendeu a gostar de teatro no pequeno Auditório da ESPAM”.
Após a homenagem decorreu um beberete e o corte do tradicional do bolo de aniversário e cantou-se os parabéns à ESPAM e ao AESA, na Sala dos Professores, em que estiveram presentes alunos, professores, encarregados de educação, representantes de todas as turmas do Agrupamento, entre muitos outros convidados.
Ao longo do dia decorreram várias exposições, atividades desportivas, ateliers de expressão dramática, ciência, etc. Também foram passando vários vídeos documentais que registaram vários momentos da ESPAM e do AESA.
Homenagem a Felizarda Barradas
Na EB1 também aconteceu o hastear da bandeira, para além do lanche com todos os alunos, houve o descerrar da Placa, em que foi atribuído o nome da professora “Felizarda Barradas” ao Ginásio da escola. O objetivo foi homenagear esta professora que para além da sua função de docente de educação física coordenou, implementou e desenvolveu projetos de articulação curricular que abrangeram todas as disciplinas, tendo sido um elo entre os docentes envolvidos. Como fotógrafa que é, sempre recolheu imagens do património natural e cultural da Região. Disponibilizou esses recursos para serem utilizados nas aulas e no desenvolvimento dos referidos projetos. Foi entre 2016 e 2022 Presidente do Conselho Geral do Agrupamento. Foi ainda formadora e dirigente sindical durante vários anos. Durante a cerimónia Felizarda Barradas agradece a todos e deixa a seguinte mensagem “no meu nome cabem todos os nomes daqueles e daquelas que comigo trabalharam ao longo destes anos… Muito obrigada!”.
Sarau Cultural
À noite, no Auditório “Mário Primo”, na ESPAM, decorreu uma sessão cultural e contou com momentos de música com a participação da escola “Musicar” e seus alunos, vários momentos de poesia, música, dança em que participaram alunos e professores.
Estão pois de parabéns a EPAM e AESA, todos os que nela estudaram ou estudam, trabalharam ou trabalham, esperando-se que ela possa continuar a ser um espaço de crescimento e de Sonho, numa fase tão importante das vidas dos jovens. Está também de parabéns a Comissão Organizadora pelo excelente trabalho que proporcionaram a todos.
Segundo nos informaram, foram convidados o Ministro da Educação e a Direção Regional de Educação, mas não puderam estar presentes.
1Preconizador da mudança e defensor do progresso, das técnicas e das ideias, o Padre António Macedo nasceu em Santiago do Cacém em 1823, sendo ordenado padre em 1846, em Lisboa. Com 24 anos de idade iniciou o sacerdócio em S. Bartolomeu da Serra, onde se transferiu para Abela, fixando-se em Sines, dois anos antes da sua morte.
Leme 843 / Leme site
Fotos Felizarda Barradas