CRÓNICA DA QUOTIDIANA VIVÊNCIA – José Manuel Claro

CASOS, CASINHOS E… OUTRAS CONVENIÊNCIAS

1 – ‘Casos e casinhos’, é uma rubrica do nosso quotidiano, em que o cidadão menos informado ou menos interessado por tudo aquilo que se passa à sua volta, é como que desperto para a realidade que o cerca e na qual vive mergulhado.

As posições públicas assumidas pelo principal partido da oposição, têm-se revelado como pinças cirúrgicas com que pega em todos os casos e casinhos que vão surgindo a cada dia que passa, tendo como oposição, umas posições bastante mais conservadoras que certos grupelhos que por aí campeiam em busca de um sol que os alumie.

Não se poderá dizer que o tráfico de influências nas Autarquias, com especial relevância de ações e intervenientes ao nível da capital, e que consubstanciam um ‘partir do bolo’ a contento das partes, facto que já não é novo e judicialmente até já leva alguns aninhos de existência, veio agora como que avivar as memórias aos mais esquecidos.

Os intervenientes? os do costume, a que as ‘Lavadeiras de Caneças’ da nossa política, bem se têm esforçado por branquear uma imagem repleta de bolores e nódoas difíceis de sair, continuam, quais mágicos numa pista de circo, fazendo sair da cartola, ‘Excélicas’ evidências de que dois mais dois, nem sempre são quatro.

 

2 – Com tanta atividade e linguajar político, o povo nem dá pelo tempo passar, mas, que ele passa… passa!

No horizonte, começa a surgir o imenso contorno da Jornada Mundial de Juventude que se vai desenrolar na primeira semana de agosto ali para as bandas de Lisboa.

Passado que foi mais aquele casinho do palco, há que botar mão à obra e tratar da organização prevista para acolher mais um milhão de seres viventes oriundos de todo o mundo.

Apertados pela realidade ditada pelo principal meio utilizado na deslocação dessa mole humana, o avião, foi decidido deslocar todo esse movimento para o aeroporto de Beja.

A coisa surgiu de mansinho na comunicação social e de forma a não originar as ondas de impacto opinativo tendentes ao surgimento dos arautos da contestação gritando aos sete ventos: “Afinal… serve ou não serve?”.

Claro que serve e servirá, na fria e lógica análise sobre a futura localização de um necessário novo aeroporto e, como aqui já em tempos o disse e hoje refirmo, num retângulo de quinhentos e sessenta quilómetros de comprimento por duzentos e cinquenta de largura, que possui agora três aeroportos internacionais – Porto, Lisboa e Faro, sendo que estes dois últimos estão no limite em termos de exploração, surge uma nova aerogare situada de permeio destas duas localizações, Beja!

Com facilidades de acesso por auto estrada, já construída, equidistante dos dois superlotados aeroportos e com a possibilidade de acesso à linha férrea que une Lisboa ao Algarve.

Umas necessárias adaptações serão sempre um dispêndio de verbas bastante inferior à construção de uma nova aerogare e assentará bem no tão propalado combate às assimetrias do interior.

 

3 – Aqui chegados, não poderíamos escapar à sagacidade analítica dos alentejanos, pessoas temperadas pela rudeza do clima e das terras onde vivem, mas que de vez em quando vão dando ao mundo umas empíricas interpretações obre as decisões dos governantes que, lá longe, nem sempre se lembram ou têm conhecimento da dura realidade que é a sua existência nestas imensas planícies.

Eu sei que eles, os alentejanos, não gostam de se repetir, mas não me admiraria se surgissem à volta da pista do aeroporto de Beja uns cartazes, à semelhança do que fizeram na parede do Alqueva, com um «Aterrem aqui… pôrra!».

E já agora, nisso de recorrer ao empirismo analítico dos pensantes, talvez não fosse descabida uma aliança com o algarvio António Aleixo que, a páginas tantas do seu poemário, lá se ‘alembrou’ de versejar esta evidência: «Vós que lá, do vosso império / Prometeis um mundo novo / Calai-vos que pode o povo / Querer um mundo novo a sério!».

E, quando essa hora chegar, sem um novo aeroporto, vai ser muito duro para todos nós.