CRÓNICA DA QUOTIDIANA VIVÊNCIA

José Manuel Claro

ATÉ PARECEM ALFAIATES!!!…

1 – Talham o pano à medida da obra, porém, muitas das vezes sem olhar à volumetria do destinatário como seria suposto.

Inegavelmente, o País foi sacudido nestes últimos tempos, pelos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, a nossa companhia de bandeira como soe dizer-se, nos meandros empresariais de um País de poucos empresários.

Desde sempre, a nossa companhia aérea, tem vivido num ambiente artificial, qual bebé prematuro levado a uma incubadora para sobreviver, tendo atravessado os seus anos de história transformada numa ferramenta de gestão das clientelas políticas instaladas circunstancialmente no Governo da Nação.

Nada do que se tem ouvido nessa tal Comissão de Inquérito, constituirá admiração para o comum cidadão português mais ou menos informado, já o mesmo não poderei dizer de certos ‘bitaites’ que uns quantos enroupados com as suas cores políticas partidárias, vão proferindo por se julgarem em território livre de constrangimentos palratórios.

 

2 – Neste ínterim e relacionado com o referido Inquérito Parlamentar, saltou-nos ao caminho o ‘caso’ Galamba que, não querendo antecipar o futuro, veremos um dia destes nas nossas salas de cinema porque, já tenho assistido a filmes do infindável ‘007’, com argumentos muito mais fracos que os episódios sucedidos lá para as bandas do Ministério tutelado por este Senhor Ministro.

Esperem até serem conhecidos em pormenor a coletânea de sucedidos lá para os lados do Ministério das Infraestruturas, com a intervenção do SIS à porta de casa do já não Secretário de Estado e após ter resgatado das casas de banho do Ministério, duas senhoras que lá se haviam refugiado dos avanços ameaçadores do demitido.

Olhando assim à distância, ainda que curta, vemos um País a fervilhar de incidentes, uns mais acidentes que outros, e uma insatisfação política generalizada que até contaminou os interiores do partido que governa o País com maioria absoluta, diga-se, democraticamente conquistada nas urnas.

Todo este cenário, foi agravado pela intervenção do Senhor Presidente da República que se sentiu na obrigação de tornar pública a sua posição, como que a demarcar-se da coabitação em que tem vivido com o partido governante e, muito em particular com o seu líder.

Esta intervenção não terá sido ditada pelos interesses políticos do Senhor Presidente e do partido de onde é oriundo, mas terá a ver mais com o facto da sua incontinência verbal praticada quotidianamente e sempre que sai à rua, nem que seja para comer um simples gelado.

 

3 – Com o ‘caldeirão’ a fervilhar, o Primeiro-Ministro resolveu, qual bombeiro em louca correria para combater um incêndio ateado no seco restolho, acalmar os ambientes, apertar o controlo informativo sobre a estado real da Nação e, se bem o pensou, melhor o fez.

O Ministro Galamba, deixou praticamente de falar, o Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito saiu e foi substituído por um político que se evidenciou nos tempos do combate à COVID, António Lacerda Sales, dado como politicamente mais próximo do 1º Ministro.

O Senhor 1º Ministro passou a aparecer mais em público, como que a querer centralizar na sua pessoa o alvo das atenções dos portugueses.

O Senhor Presidente da República anda numa contenção verbal, que mais parece um ‘encher do saco’, com rebentamento anunciado a curto prazo.

O líder da oposição, como assim gosta de ser reconhecido, foi alvo na praça pública, da devassa patrimonial em que ainda não percebi muito bem da ilegalidade de que é acusado, outrossim, talvez seja só para ser falado e para que possam ser criadas ‘estórias’ à sua volta e à semelhança daquilo que é praticado em relação aos elementos direta ou indiretamente ligados ao partido do poder.

Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades, dirá o povo na sua empírica sabedoria, mas aqui chegado, terei sempre de perguntar: “Quanto custa aos meus impostos esta política de ‘vasculhanso’ da vida de cada um? Não seria muito mais útil a todos nós que estes assessores inquisidores produzissem trabalho mais profícuo em prol da nossa sociedade?”

Infelizmente, talvez possa responder que sim, mas não me quedando pelo afirmativo, acrescentarei que é imperioso que o façam. Se não servirem para isso, que procurem outro meio de vida e ‘desamparem-me a loja’.                                          José Manuel Claro