Covid-19: “Aquilo que está ao nosso alcance nós estamos a fazer”

Em entrevista ao jornal “O Leme”, numa altura em que se passou do Estado de Emergência para o Estado de Calamidade, o Presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Álvaro Beijinha, quis deixar “uma mensagem de esperança”, aproveitando para apelar a todos que cumpram “as recomendações das entidades de saúde” e continuem a contribuir “individualmente” para a “não propagação da doença”.

Perante a Pendemia Covid19, a Câmara Municipal de Santiago do Cacém (CMSC) ativou logo no início um Plano de Contigência e posteriormente uma longa lista de medidas de apoio extraordinárias. Como foi resolver tudo isso num curto espaço de tempo?

Álvaro Beijinha – Não foi fácil, tivemos que nos adaptar rapidamente às circunstâncias.  Naturalmente enquanto autarquia com a responsabilidade que temos, tivemos que começar a tomar um conjunto de decisões, de forma a combater esta pandemia por um lado e por outro lado
também lançarmos um conjunto de medidas de apoio a famílias e a empresas, obviamente dentro daquilo que é a nossa realidade. Aprovámos um plano de emergência com 23 medidas de apoio às
famílias, empresas e de combate e prevenção à pandemia.

Como tem sido para si e para o executivo da CMSC gerir tantas situações estranhas e tantas emoções desde que começou este problema?

A vida dos autarcas, ao contrário do que as pessoas pensam, por natureza, não é fácil. Este momento ninguém esperava ou estava preparado para isto seja em Santiago, Portugal ou no Mundo. Todos nós tivemos que nos adaptar a esta nova realidade. As primeiras duas a três semanas foram muito dificeis. Tivemos que adotar várias medidas, como o encerramento da Câmara enviar trabalhadores da CMSC para trabalhar em casa, encerrar equipamentos. Contámos com o profissionalismo e compreensão dos nossos trabalhadores.

Foi difícil reorganizar os serviços do Município para fazer face a um problema desta dimensão… teve que tomar decisões rápidas, como colocar os trabalhadores em teletrabalho, outros em prevenção, outros mantendo-os no edifício, etc, etc? Tem corrido bem…

Em pouco mais de uma semana, depois de tomarmos a decisão de encerrar os serviços, tinhamos cerca de 100 trabalhadores a trabalhar em teletrabalho com ligações com todas as aplicações para
funcionar em rede em várias áreas. Realmente um esforço enorme. Isto só foi possível trabalhando dia e noite. As pessoas ligadas à áreas da tecnologia e informática trabalharam dia e noite, madrugada adentro de forma a que nós ,o mais rapidamente possível – sendo que a CMSC encerrava os seus serviços técnicos e administrativos de atendimento ao público – mas que nós mantivessemos uma resposta adequada aos nossos munícipes e isso foi claramente alcançado.
Neste mês e meio a trabalhar desta forma tem corrido bem, não temos tido problemas de maior. Por um lado temos a parte operativa demos uma incidência quase total na recolha de residuos sólidos, lixo, águas e esgotos, limpeza urbana, tratamentos de espaços verdes, obviamente com algumas diminuição porque tivemos que mandar algumas pessoas para casa com doenças crónicas e de risco ou com mais idade. Tivemos uma resposta razoável.

Eu tenho que me deslocar muitas vezes de um lado para o outro e vejo que continuamos a dar uma resposta muito significativa, as freguesias continuam limpas. Depois temos a parte administrativa e técnica, em que os serviços municipais encerraram, os Paços do Município e os edifícios adjacentes são muito poucas as pessoas que lá estão, pouco mais de meia dúzia ou nem tanto, outras que não vão todos os dias, e, pontualmente os eleitos.

Na área social, a Câmara em conjunto com as Juntas de Freguesia do Concelho, criaram o programa “Nós vamos comprar por si”, quais os objetivos e como está a decorrer? São muitas as pessoas a precisar?

Está a decorrer muito bem. Nós temos uma relação muito estreita com as Juntas de Freguesia, esse programa tem corrido bem e temos apoiado muitas familias. As Juntas de Freguesia têm tido um papel determinante, mais que a própria Câmara são elas que estão no próprio terreno com outras entidades que também estão envolvidas connosco e a Segurança Social e também conseguimos muito rapidamente implementar esse programa. É a forma de podermos ajudar os mais idosos e em risco e também aos idosos isolados nas zonas rurais.

Nas escolas, o Município continua a garantir o fornecimento das refeições aos alunos carenciados?

A situação está estabilizada, no Hospital só chegou a haver uma pessoa internada nos cuidados intensivos, mas já teve alta. Em termos de resposta hospitalar está controlada. O número de casos do Litoral Alentejano não é um número muito significativo. Aqui tem havido alguns casos mas nada de preocupante, a esmagadora maioria dos casos não foi preciso serem internados. No ponto de
vista do Hospital está tranquilo. No que diz respeito aos Bombeiros, a informação que tenho, na fase inicial, o problema maior teve a ver com a falta de meios de equipamentos de proteção individual, mas isso não só aqui, mas no país e no mundo. Amanhã vamos receber uma grande
quantidade de equipamentos de proteção individual para distribuir pelas Instituições (IPSS, Lares, Centros de Dia, Bombeiros, GNR, Tribunais, Conservatórias, etc).

Tem informação se o Hospital Litoral Alentejano e os Bombeiros do Concelho têm conseguido dar resposta a esta Pandemia?

A situação está estabilizada, no Hospital só chegou a haver uma pessoa internada nos cuidados intensivos, mas já teve alta. Em termos de resposta hospitalar está controlada. O número de casos do Litoral Alentejano não é um número muito significativo. Aqui tem havido alguns casos mas nada de preocupante, a esmagadora maioria dos casos não foi preciso serem internados. No ponto de
vista do Hospital está tranquilo. No que diz respeito aos Bombeiros, a informação que tenho, na fase inicial, o problema maior teve a ver com a falta de meios de equipamentos de proteção individual, mas isso não só aqui, mas no país e no mundo. Amanhã vamos receber uma grande
quantidade de equipamentos de proteção individual para distribuir pelas Instituições (IPSS, Lares, Centros de Dia, Bombeiros, GNR, Tribunais, Conservatórias, etc).

Para os empresários locais e para as instituições, determinou a isenção do pagamento de várias taxas. Tem no horizonte mais alguma ajuda para os empresários/comerciantes locais, que estão em situação muito difícil?

A questão económica obviamente tem que ser com políticas nacionais. Nós não temos recursos nem de perto nem de longe para apoiar as empresas a não ser da forma como temos feito. Aquilo que está ao nosso alcance nós estamos a fazer, durante este período até Junho nós estamos a fazer a insenção de taxas do direito de superficie do parque empresarial de Vila Nova de Santo André,
isenção das tarifas de água, ocupação da via pública, publicidade, etc. Em termos de medidas de outra natureza nós não temos os meios nem recursos para fazer porque nós não temos uma relação direta nesse sentido, nomeadamente tem a ver com os impostos ou com medidas de apoio
através de linhas de financiamento, são medidas tomadas a nível central e não local.

Nesta fase também surgiram alguns empresários e outros que quiseram ajudar. Tem sentido apoio por parte de todos para este problema que estamos a enfrentar?

Tem havido de facto, de uma maneira altruista, essa ajuda. O Blak Pig – Destilaria de Gin e Medronho, tem dado um apoio enormíssimo a nível do alcoól para distribuir por várias Instituições como Bombeiros, IPSS, GNR e outros serviços Municipais. Ainda ontem recebemos uma grande remessa que até distribuímos pelos Municípios de Sines e Grândola.

A Câmara para acudir/ajudar a todos (Municipes, Instituições, empresários, etc), quer em materiais, quer em equipamento e outros, tem feito um investimento grande, pode quantificar?

Sim temos feito um grande investimento, não temos ainda contabilizado porque achamos que isto vai continuar. Este problema de equipamenmtos de proteção individual, enquanto não houver vacina, vamos todos que ter máscaras e todos os que estiverem na linha da frente vão ter que usar
equipamentos de proteção individual e a Câmara tem estado efetivamente a fazer um investimento enormíssimo nestas áreas para além das isenções de que já falamos, são uma perda de receita que a Câmara tem, mas estamos a contribuír para o combate à pandemia por um lado e por outro lado obviamente apoiar familias e empresas.

Com o fim do Estado de Emergência, se a situação retroceder no País e no concelho, a Câmara está preparada para ajudar nas respostas necessárias?

Esperamos que não se agrave, contudo muitas das coisas que nós estamos a investir, por exemplo o Hospital de Campanha, são investimentos de prevenção ou seja num cenário em que a situação agrave. Estamos a fazer investimentos, estamos preparados. Há uma tenda de apoio ao Hospital de
Campanha que já está montada, caso seja necessário, numa cena de rutura de resposta no hospital, existe esta resposta de retaguarda. A Câmara adquiriu uma tenda de campanha que poderá inclusive servir de Bloco Operatório, caso seja necessário.

Que mensagem quer deixar à população neste momento tão difícil…

Uma mensagem de esperança e acreditarmos todos que este momento irá mais cedo ou mais tarde ser ultrapassado até que tenhamos uma vacina. Dificilmente nos tempos mais próximos a
nossa vida vai regressar à normalidade antes como era antes de março, no entanto há que ter esperança, vamos todos acreditar que rapidamente iremos ultrapassar esta pandemia, mas quando
digo rapidamente, ouvindo os especialistas, até termos uma vacina, vamos ter que esperar uns meses e até lá há que cumprir as recomendações que nos são dadas pelas Entidades de Saúde, fazer um esforço adicional no sentido de todos nós individualmente contribuirmos para a não propagação da doença.