“Que lindo vestido, tão moderno e tão elegante! Se um dia o vestir as pessoas vão me achar uma mulher de sucesso”
“Se puder ter aquele carro finalmente posso mostrar o que valho. Até o esforço do crédito valerá a pena.”
“E a moradia T6 com acabamentos luxos que acabou de me aparecer no Instagram?! – Isto é que é uma verdadeira felicidade, será possível ser triste numa casa dessas?”
Estes poderão ser alguns exemplos de frases que a nossa subconsciência nos sussurra ao ouvido. Nos tempos que correm, algo que antes só víamos em revistas e programas TV, nas omnipresentes redes sociais picam-nos nos olhos diariamente as caras felizes de indivíduos rodeados por bens materiais de todos os géneros possíveis. E a subconsciência acredita no que vê, “se tiver o que ele tem vou ser atraente, bem-sucedido e FELIZ”.
Mas cuidado! Como o apetite cresce no ato de comer, este pode ser um beco sem saída. Quanto mais temos, mais queremos.
Depois de adquirir uma carteira caríssima, os gadgets mais modernos para a cozinha e uma casa no campo, “a fome” de comprar e sentir a adrenalina de preencher o vazio dos nossos próprios complexos, continua, e os bens materiais que até agora o preenchiam, deixam de conseguir fazer o seu trabalho. O ser humano tem a tendência de se habituar a absolutamente tudo ao seu redor, por isso, como consequência, os objetos adquiridos começam a agradar cada vez menos. A felicidade deve ser trabalhada e não convém dedicar as nossas valiosas energias em vão.
Os estudos científicos comprovam que o aumento salarial influencia o nível da satisfação de vida mas apenas até ao valor de 75 mil dólares/ano (aprox. 70 mil €). Angus Deaton e Daniel Kahneman da Universidade de Princeton realizaram o seu estudo numa amostra de 450 mil americanos. A investigação revelou que acima deste valor, o aumento de vencimento não tem absolutamente nenhum impacto no nosso sentimento de felicidade. Por outro lado, revela que os objetivos de vida apenas materiais baixam significativamente a satisfação da vida.
Carol Nickerson e Norbert Swartz fizeram um estudo com alunos universitários a perguntar sobre a sua atitude perante a vida e o futuro. Distinguiram desta forma um grupo de estudantes que mostraram a sua prioridade altamente material. Após 20 anos o mesmo grupo de pessoas revelou um nível mais baixo de satisfação de vida em comparação com os restantes intervenientes.
Por estas razões, se acha que o novo smartphone, relógio, carro ou casa vão reinventar a sua felicidade e mudar a sua vida, não se iluda e sobretudo… não perca dinheiro.
Anna Kosmider Leal
(Antropóloga)
Texto e foto: Aimprensa
Leme site Abril24