Peregrinos de Esperança

Programa – 2024-2025

«Fomentar a vida cristã, estimular o zelo pastoral, promover a corresponsabilidade» (Const. Sinodal, 5)

Introdução

A Diocese de Beja, ao iniciar uma nova etapa, no contexto da vinda do novo Bispo que lhe foi concedido, que vem em nome do Senhor, como sucessor dos Apóstolos, continua a peregrinar e a anunciar a Boa Nova de Jesus, morto e ressuscitado, nas terras do nosso Baixo Alentejo e Alentejo Litoral.

Na comunhão da Igreja, associamo-nos com alegria ao novo Jubileu. Este traz consigo o tema da Esperança, que nos vai dar a todos um grande motivo para continuarmos a viver neste mundo, por vezes agitado pelas guerras e discórdias, mas que, todavia, como refere o Papa Francisco na Bula que prepara o Jubileu do ano 2025, «no coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expetativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã» (nº 1).

No Sínodo Diocesano (2012-2016) dizia-se que «devemos sempre querer a Igreja que Deus quer». E acrescentava-se: «O Espírito de Deus que a foi moldando ao longo destes dois mil anos também hoje continua a edificá-la, a corrigi-la e a animá-la para realizar a sua missão» (Constituição Sinodal nº 30).

Na sequência da proposta do Papa Francisco, queremos que, na Diocese, em verdadeiro espírito sinodal, a celebração do jubileu seja «ocasião de reanimar a Esperança». Guiados pelo apóstolo São Paulo, queremos «levar a todos o Evangelho de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, como anúncio de esperança que realiza as promessas, introduz na glória e não desilude porque está fundada no amor» (nº 2).

O Papa Francisco, ao desafiar-nos a ser peregrinos de esperança, pretende colocar em marcha um projeto de peregrinação comunitária em que tanto as pessoas como os recursos sejam portadores de esperança. Não se trata de uma meta mas de um percurso cheio de esperança. A esperança «não é uma abstração idealizada, mas um dinamismo concreto, uma laboriosidade no aqui e no agora, um fazer aberto ao futuro» (J. Tolentino).

Que este Programa, possa ocasionar percursos pessoais e comunitários «de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, seja ocasião de reanimar a esperança» (nº 1).

Contexto Pastoral

Sínodo Diocesano (2012 a 2016). Constituição Sinodal.

Não esquecer os anseios e as esperanças colocadas no nosso Sínodo Diocesano, que nos chamou a construir uma Igreja mais sinodal, a delinear um futuro com todos e para todos, onde conseguimos conviver com as debilidades e as virtudes que temos. Este Sínodo colocou como objetivo: «fomentar a vida cristã e religiosa da diocese, estimular o zelo pastoral dos sacerdotes e promover a corresponsabilidade e a santidade de todos os fiéis» (Const. Sinodal, 5)

Sínodo dos Bispos

Estamos a viver em Igreja o Sínodo dos Bispos que tem como tema a Sinodalidade, Caminhar Juntos. Por isso, o Papa Francisco convocou para este Sínodo todos os cristãos. Todos somos chamados a colaborar em Igreja para que o anúncio do Evangelho chegue a todos os homens de boa vontade. Só na comunhão de Igreja e na participação de todos, conseguiremos ser instrumentos de evangelização.

Centenário da Catedral e Cabido

No próximo mês de Novembro completam-se 100 anos sobre a ereção canónica da nossa Igreja Catedral, a qual é “mãe” de todas as igrejas da Diocese, pois ela é a igreja do Bispo Diocesano. Lá devem ser celebrados os grandes acontecimentos da vida da Igreja Diocesana, aos quais preside o Bispo. Também o centenário do Cabido Catedralício deve ser oportunidade para refletir sobre a sua existência e necessidade para a Igreja de Beja.

Jubileu 2025

Da Bula da convocação do Jubileu:

«Spes non confundit – a esperança não engana» (Rm 5, 5). Sob o sinal da esperança, o apóstolo Paulo infunde coragem à comunidade cristã de Roma. A esperança é também a mensagem central do próximo Jubileu, que, segundo uma antiga tradição, o Papa proclama de vinte e cinco em vinte e cinco anos. Penso em todos os peregrinos de esperança, que chegarão a Roma para viver o Ano Santo e em quantos, não podendo vir à Cidade dos apóstolos Pedro e Paulo, vão celebrá-lo nas Igrejas particulares. Possa ser, para todos, um momento de encontro vivo e pessoal com o Senhor Jesus, «porta» de salvação (cf. Jo 10, 7.9); com Ele, que a Igreja tem por missão anunciar sempre, em toda a parte e a todos, como sendo a «nossa esperança» (cf.1 Tm 1, 1). Também aqui na nossa Diocese como poderemos viver o Jubileu?

JMJ – um ano depois

A Jornada Mundial da Juventude decorreu em Portugal no ano passado e foi preparada com anos de antecedência. Movimentou adolescentes, jovens e adultos de todo o mundo. Portugal viveu com grande espectativa esta preparação e depois a própria realização da Jornada. Mas depois da euforia, em que todos, mais ou menos praticantes, quiseram participar e viver todos os acontecimentos, chegou a hora de ver o que ficou! Que trabalho devemos continuar na senda da Jornada para que a evangelização no meio juvenil seja uma realidade?

Orientações fundamentais

  • O Programa pretende corresponder à realidade da diocese. Todavia, cada sector olhará para a sua situação e apropriará as linhas de ação e os objetivos dos elementos que compõem o Programa diocesano que considere oportunos para o seu caso particular.
  • O Programa diocesano deve ser assumido como uma proposta para se transformar em instrumento pastoral adequado ao contexto de cada comunidade, serviço ou movimento, construído ouvindo as pessoas, em espírito sinodal, com verdadeiro sentido de Igreja onde todos têm lugar e voz.
  • Exigência fundamental, para garantia de êxito, é a necessidade de, ao longo do ano, realizar a avaliação do conjunto e, sobretudo de cada atividade, para, a tempo, melhorar o que foi programado.

 

Proposta de grandes linhas de ação

  • Esperança fundada no anúncio da Palavra.
  • Esperança alimentada na força espiritual dos sacramentos.
  • Esperança cimentada na prática persistente e evangelizadora da caridade.
  • Esperança concretizada em órgãos diocesanos e paroquiais que sejam verdadeiro campo de experiência sinodal.
  • Esperança suscitada e fortalecida por encontros que permitam criar relações pessoais e permuta enriquecedora de experiências de vida cristã.

 

  1. Esperança fundada no anúncio da Palavra.

 

OBJETIVOS

Cuidar da Palavra de Deus para todos, nas suas múltiplas formas, bem preparado, em linguagem simples, interpelativa, de forma a ser escutada e acolhida com o coração e a inteligência;

Valorizar o Domingo da Palavra de Deus, promovendo encontros de formação sobre a mesma a nível paroquial ou arciprestal

Promover e incentivar a criação de grupos locais de lectio divina sobre os textos da Missa do domingo ou outros textos Bíblicos.

 

Iniciar um processo de evangelização missionária a partir de paróquias que aceitem enviar em missão equipas de diáconos, religiosas ou leigos que assumam o anúncio semanal da Palavra em locais mais pequenos.

 

Garantir, por toda a diocese, a formação sistemática de catequistas de crianças e animadores de jovens, através de cursos e ações de formação que permitam ao catequista ou animador estar preparado para a sua missão.

 

Recuperar, até onde for possível, a intervenção da Igreja nos espaços escolares, cuidando do acompanhamento dos professores, responsáveis por esta missão.

 

  1. Esperança alimentada na força espiritual dos sacramentos, fonte permanente e inesgotável de graça.

 

OBJETIVOS

Criar as condições necessárias para admitir aos Sacramentos aqueles que forem dando provas de poder usufruir da sua riqueza, integrados numa comunidade cristã.

Realizar a celebração dos Sacramentos no contexto de um percurso individual de experiência de vida cristã e de inserção progressiva na vida da comunidade.

Dar à receção dos sacramentos da iniciação cristã o tempo suficiente e necessário para uma iniciação consistente.

  1. Esperança cimentada na prática da caridade.

 

OBJETIVOS

 

Organizar ou melhorar o serviço da caridade em cada Paróquia de modo que o amor fraterno, sem fronteiras, seja uma forte expressão da vida cristã das comunidades.

Aprender a viver a misericórdia através do serviço persistente da caridade. Comunidade que não tem organizado o cuidado dos pobres perde credibilidade e uma forte via de evangelização.

Criar condições favoráveis ao acolhimento e integração dos migrantes e aqueles que chegam de novo à Paróquia, para a sua integração na vida da comunidade cristã.

Organizar ou participar em formas de ajuda que facilitem o acolhimento e a integração social dos migrantes.

Elaborar um programa atividades para os «Lares paroquiais» e «Centros de dia» ou outras instituições de acolhimento onde é permitida a ação da Igreja, com vista à evangelização, oração, e hipotética preparação e celebração dos Sacramentos.

Fomentar a oração pelos doentes, pelos pobres, pelos que sofrem, pelos cristãos perseguidos e pelos atingidos por situações de calamidade, referindo-os com frequência na Oração Universal das celebrações.

 

  1. Esperança fortalecida pela organização pastoral dos serviços

 

OBJETIVOS

Organizar o serviço pastoral da família com o objetivo que as famílias sejam verdadeiras «Igrejas domésticas» onde os filhos aprendem a vivência cristã, pelo testemunho e intervenção ativa dos pais.

 

Constituir o Conselho Pastoral da paróquia e da diocese segundo um processo que estimule o interesse dos fiéis, sentindo-se parte ativa das preocupações que chegam às estruturas de decisão e também das resoluções delas decorrentes.

 

Cuidar da formação permanente do clero, que se deseja preparado, disponível, dialogante, criativo, orientada para processos evangelizadores que respondam às exigências específicas da diocese.

Assumir a pastoral das vocações como uma prioridade na vida da Igreja e da diocese, reservando um lugar fundamental e consistente à oração pelas vocações, com propostas abrangentes, inovadoras e exequíveis.

 

Animar ou constituir o grupo dos acólitos, proporcionando-lhes formação para as suas tarefas específicas e um percurso de educação da fé.

 

Constituir um programa específico para as comemorações do aniversário da Catedral enquanto Igreja mãe donde parte a fonte que ilumina e enriquece a fé do povo de Deus.

 

Melhorar a Comunicação Social na Diocese ao nível interno e externo, dada a sua importância fundamental

 

  1. Esperança suscitada e fortalecida por encontros de grupos com atividades afins.

 

Olhar para a diocese, a paróquia e o arciprestado como família que vive a alegria de ser Igreja e se sente impelida a anunciar o Evangelho de Cristo.

 

Promover o encontro das pessoas para criar ou fortalecer laços pessoais e de grupo que facilitem a permuta de experiências de vida cristã.