Nova Associação quer Porto Covo a funcionar todo o Ano

Helga Nobre

ENTREVISTA| António Luís Moura, Presidente da Associação Porto Covo todo o Ano

A associação Porto Covo todo o Ano, criada no passado mês de julho, por um grupo de empresários, quer contrariar a sazonalidade e acrescentar mais valor à Freguesia que, nos últimos anos, tem crescido em termos turísticos. O jornal O Leme falou com António Luís Moura, Presidente da Associação que quer ajudar a criar um Porto Covo “agradável para viver, para visitar e para investir”.

Jornal O Leme – Como nasceu esta associação ?

António Moura – Esta Associação surge por se sentir que há ainda uma ideia de que Porto Covo é uma aldeia que funciona, fundamentalmente, no verão e que no resto do ano não se passa nada, quando vamos assistindo nos últimos anos e, até antes da pandemia de covid-19, a algumas mudanças. Porto Covo é muito diferente do que existia há 10 ou 20 anos e por isso já não corresponde à realidade imaginar que só funciona no verão. E daí que um conjunto de 10 empresários se reuniram para tentar contrariar esta ideia afirmando e divulgando que Porto Covo funciona o ano inteiro.

L – E quando começou a germinar esta ideia?

A.M. – Começou no início do ano passado, em janeiro de 2022, e depois foram-se juntando vários outros empresários de Porto Covo. Neste momento o grupo tem quase 100 nomes, que é uma parte muito significativa de empresários que estão a trabalhar o ano inteiro e defendem esta ideia. Há vários anos este era, em termos turísticos, um local de verão e de praia, depois de forma mais consistente começaram a aparecer os caminhantes, porque Porto Covo é uma porta de entrada para o Parque Natural e para os trilhos pedestres e cicláveis, nomeadamente, da Rota Vicentina, que atraem centenas de caminhantes que vêm de todo o Mundo para fazerem esses percursos pedestres e agora, cada vez mais, também de bicicleta até ao Algarve. Ou seja, esta é uma realidade muito diferente daquela a que estávamos habituados a ver, porque já temos muita gente, a partir de setembro ou outubro, com as suas mochilas às costas a percorrer este território.

L – O facto de esta associação contar já com um número impressionante de 100 empresários é revelador das atividades que se desenvolvem em toda a freguesia de Porto Covo. Estão ligados a vários ramos de negócio?

A.M. – Estão ligados a todas as áreas, desde a hotelaria à restauração, comércio, o mergulho, são todas as atividades.

L – O que se propõem fazer ?

A.M. – Em primeiro lugar o que esta associação faz é criar vias de diálogo entre os empresários. Até há uns tempos atrás, cada um conheceria mais ou menos outros empresários e, neste momento, todos se conhecem, através de um grupo, onde vamos falando das dinâmicas que vão acontecendo, quer individualmente, quer com a Junta de Freguesia de Porto Covo ou através de atividades em Sines. Criou-se um espírito de união que permite que cada empresário saiba que não está sozinho, saiba que tem a sua atividade para desenvolver, mas que também está unido a um conjunto de outros empresários que partilham de interesses comuns. E esse é um dos aspetos mais inspiradores para que não se repita esse pensamento de que Porto Covo não tinha atividade económica. E mesmo alguns que, hoje em dia, estão neste grupo, que se calhar há uns anos atrás fechavam as portas depois do verão, sentem força para manter a atividade a funcionar todo o ano. Por isso, este grupo, em primeiro lugar tem este caráter de motivação para que todos tenham a porta aberta e, quando há esta transformação, isso também é indutor de uma outra energia de Porto Covo durante todo o ano. Não podemos esperar que sejam os outros que venham tratar daquilo que sejam questões nossas, por isso, defendo que uma mudança importante é uma mudança de atitude. Em segundo lugar, isto permite, enquanto associação, sermos ouvidos por outras instituições e colaborar com outras entidades no sentido de criar alguns eventos, seja com a junta de freguesia, com quem já falamos há muito tempo, seja com a Câmara Municipal de Sines, seja com a Entidade Regional de Turismo, com a Agência de Desenvolvimento do Litoral Alentejano ou com a Agência de Promoção do Turismo do Alentejo, que também já vão reconhecendo que, através deste movimento, Porto Covo é um exemplo.

L – E com isto também melhorar a oferta ?

A.M. – Claro, porque esse é um aspeto importante e que não se faz de um dia para o outro. Pretendemos que este movimento ajude a que cada um de nós consiga acrescentar mais valor, consiga receber melhor, passar melhor informação, nos alojamentos, na restauração e no comércio e, até, conseguir atrair outras atividades que ainda podem fazer falta em Porto Covo. Dou o exemplo das dezenas de ciclistas que atravessam o nosso território e Porto Covo precisava de ser mais ‘bike friendly’, de ter um centro de apoio importante para estas pessoas, precisava de ter um local para alugar bicicletas e isso faz-se conseguindo motivar outros empresários a acrescentarem essa atividade a Porto Covo. Mas como essa há outras atividades, se possível, ligadas à natureza. Ao nível de comércio ainda há muito a fazer, e queremos, fundamentalmente, melhorar a partir daquilo que temos. Não é nosso objetivo, amanhã, atrair para Porto Covo grandes cadeias internacionais, seja do que for, porque o importante é melhorar a partir daquilo que a comunidade já é hoje em dia e preservarmos o melhor possível a nossa identidade cultural.

L – Depois da criação da associação, quais são os próximos passos ?

A.M. – Já estamos neste momento a preparar 2024 e isso é feito quer através do diálogo entre nós, quer com outras entidades, mas digamos que gostaríamos muito de pensar a longo prazo o que vai ser Porto Covo dentro de cinco a dez anos, porque isso é que é importante. Depende imenso de nós, mas também de alguns diálogos que vamos ter com outras entidades, e que elas saibam que em Porto Covo temos forma de pensar, forma de dialogar e que queremos ajudar a criar um Porto Covo que seja muito agradável para viver, para visitar e para investir, esse é o nosso mote.

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