Mensagem Quaresmal de D. João Marcos, Bispo Diocesano

Caríssimos diocesanos:

1 –  Aproxima-se a Primavera, aproxima-se a festa da Páscoa. Vamos entrar no tempo maravilhoso da Quaresma. Vamos celebrar a Páscoa, a Passagem de Jesus Cristo da morte para a Vida, passagem que nos abriu as portas para também nós passarmos da escravidão para a liberdade, do pecado para a graça . A Páscoa é a festa das festas, é a única festa que sempre celebramos, não apenas em cada ano, mas também em cada domingo. A vida cristã tem a ver com passagem, e não com instalação. Penso que sabeis, caros irmãos, que nem todos os hebreus saíram do Egito. Aqueles que tinham lá uma vida boa e que não a trocaram por uma aventura no deserto, esses ficaram instalados. E houve muitos não hebreus que aproveitaram a ocasião e saíram com o povo de Israel. Por isso, a festa da Páscoa vem, em cada ano, a procurar-nos: onde estás? Escutai irmãos, este chamamento do Senhor que nos desperta para fazermos Páscoa com Ele, para passarmos com Ele deste mundo para o Pai. A Igreja oferece-nos estes quarenta dias da Quaresma para descermos à nossa realidade, para descermos às águas do nosso Batismo e renovarmos a nossa vida cristã renunciando ao pecado e ao demónio e professando a nossa fé na Santíssima Trindade, na solene Vigília Pascal.

2 – Começaremos a Quaresma na Quarta-feira de Cinzas. Recebendo sobre as nossas cabeças as Cinzas que nos lembram que somos pó e que voltaremos ao pó, tomamos consciência de que estamos vivos e que podemos e devemos viver praticando o bem. Conscientes de que somos pecadores, aprendemos no primeiro Domingo, com Jesus, a lutar e a vencer as tentações do maligno. No segundo Domingo, o Senhor Jesus Cristo revela-nos a Sua glória no Evangelho da Transfiguração, glória da qual nos convida a tomar parte  mergulhando com Ele na Sua morte e Ressurreição,

Nos domingos seguintes, neste ano escutaremos os evangelhos da Samaritana no qual o Senhor nos promete a água viva do Espírito Santo, o evangelho do Cego de Nascença, onde Jesus leva aquele homem a quem mandou que se lavasse na piscina de Siloé a contemplar o seu rosto, e, finalmente, no quinto domingo, a ressurreição de Lázaro. São textos fundamentais que a Igreja reserva para preparar os eleitos para receberem os Sacramentos da Iniciação Cristã, o Batismo, a Confirmação e a Eucaristia, e que nos ajudarão neste ano a descer à nossa realidade de Filhos de Deus, chamados a ser santos. Cristo morreu e ressuscitou para que nós, os vivos, deixemos de viver para nós mesmos, e vivamos para Ele que por nós morreu e ressuscitou.

3 – As três obras que nos ajudam a cultivar a vida cristã são a esmola, o jejum e a oração. Por meio da esmola cultivamos o verdadeiro relacionamento com os bens materiais e ajudamos o nosso próximo nas suas necessidades. Além disso, a esmola apaga uma multidão de pecados. O jejum,  privando-nos de alimentos, ajuda-nos a cultivar a castidade, o bom relacionamento com o nosso próximo. A Igreja manda-nos jejuar obrigatoriamente, apenas dois dias: Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa. Jejum penitencial, o primeiro, e jejum de compaixão o segundo. Mas insiste connosco para jejuarmos, livremente, também noutros dias, por exemplo às sextas-feiras, em memória da Paixão e Morte de Jesus. Mas é na prática da oração que devemos investir para conhecermos a vontade de Deus e termos forças para a praticar. Devemos orar todos os dias de manhã, à tarde, antes de comermos e também antes de nos deitarmos. Por meio da oração recebemos o Espírito Santo que dá testemunho ao nosso espírito, de que somos filhos queridos e amados de Deus. E durante a Quaresma toda vamos reunir, como fruto penitencial, a nossa RENÚNCA QUARESMAL, que deveremos entregar na Igreja no Domingo de Ramos. Neste ano destinámo-la a ajudar os católicos da Ucrânia (50%) e também o COD, ou seja, a ajuda à diocese de Beja para as despesas da Jornada Mundial da Juventude (50%).

4 – Coragem, irmãos e irmãs! A Quaresma e a Páscoa, toda a vida cristã, são para ser vividas sinodalmente. São uma caminhada para ser percorrida em conjunto com os irmãos. Ninguém se salva sozinho. O papa Francisco tem repetido este slogan vezes sem conta. Há muitas pessoas na nossa diocese afastadas da Igreja que precisam de ouvir este convite da boca dos cristãos, da vossa boca, este convite que as salva da solidão. Fazei-lho chegar com amor, com insistência, com amorosa insistência. Vivamos a sério a nossa vida cristã nesta Quaresma que brevemente iniciaremos. E chegaremos à Páscoa interiormente renovados.

Rezo por todos vós. Rezai por mim.

O Senhor abençoe a todos vós e aos vossos familiares.

+ J. Marcos, bispo de Beja

Diocese de Beja