Integração de imigrantes, acessibilidades e habitação marcam debate em Odemira

O confronto de ideias entre os candidatos à Câmara Municipal de Odemira concluiu o ciclo de debates que o jornal O SETUBALENSE, em parceria com a rádio M24, rádio Sines, jornal O Leme, rádio Popular FM e a Morning Panorama, realizaram na região do Litoral Alentejano.

O encontro contou com a presença dos cabeças-de-lista dos partidos Iniciativa Liberal (IL), Chega, Bloco de Esquerda (BE), PSD/CDS-PP, CDU e PS à Câmara Municipal de Odemira.

Sobre o modelo que tem sido seguido para a integração de imigrantes, o candidato do IL, Pedro Pinto Leite, sublinhou que Odemira “não é um mau exemplo” porque “sabe acolher” os imigrantes, mas precisou que é necessário distinguir entre os que “vêm trabalhar” e aqueles que usam Odemira “como trampolim para outras partes da Europa”.

“Para amenizar a pressão social e habitacional é importante avançar com o alojamento temporário nas quintas e as empresas têm todo o interesse em fazer contratos diretos, eliminando os intermediários, e acomodar bem os seus trabalhadores”, defendeu.

Para o candidato do PS, Hélder Guerreiro, Odemira, “não tem tido uma ação má” relativamente à forma como soube integrar esta população, embora reconheça que há três desafios que importa agarrar: “A questão da habitação digna para todos, os serviços de interesse geral, como a saúde e educação e o reforço na área da fiscalização, com a implementação de uma proposta de Policia Municipal”, sublinhou.

O candidato do Chega, Rui Areias, disse que “Odemira teve um ano mau” em relação à imagem que foi transmitida, frisando que “os imigrantes são necessários” neste território para colmatar ”a falta de força de trabalho” no Concelho. “Prefiro que os imigrantes se integrem nas localidades e aprendam os valores do Ocidente. Há pessoas dessas que são formadas e têm de ser aproveitadas para o trabalho”, adiantou.

Para o candidato do BE, Pedro Gonçalves, os portugueses “não querem ser explorados pela agricultura intensiva” e, no seu entender “Odemira não é um bom exemplo” no que respeita ao acolhimento por parte das empresas. Para o candidato, a solução passa pela atribuição de “responsabilidades sociais” às empresas do setor agrícola.

Para a candidata da CDU, Sara Ramos, trata-se de “exploração” desta mão-de-obra. “A agricultura é um pilar fundamental para Odemira e o que está a acontecer neste Concelho é o reflexo das políticas do PS e do PSD”, no sentido da “desvalorização do trabalho e a beneficiarem o lucro”.

Já o candidato do PSD/CDS-PP, Arménio Simão, defendeu que o modelo “tem de ser completamente alterado”, existindo “um vasto e complexo caminho por fazer” nesta matéria. “O poder central está tão preocupado com uma política de imagem e de espetáculo que ignora um documento fundamental para ter obviado a que muitos dos problemas que ocorreram em Odemira, durante a crise pandémica, não tivessem acontecido”, salientou o candidato, aludindo para um relatório elaborado pelo Município.

Na área da habitação, o candidato do Chega, reconheceu dificuldades no arrendamento de casas no Concelho de Odemira e defendeu a criação de “uma Bolsa de Habitação Municipal, incluindo prédios devolutos no Interior e no Litoral, em conjunto com os senhorios, dando ajudas na recuperação dos imóveis, para trabalhar nas rendas acessíveis aos mais jovens”.

Já o candidato do BE apontou para a falta de habitação “no interior” e para os elevados preços praticados “no Litoral” do Concelho. “Terá que haver uma oportunidade de investimento, recuperando o edificado público, existem casas particulares devolutas que podem ser recuperadas pelo Município e haver discriminação positiva para os jovens”, defendeu.

Por sua vez, a candidatada da CDU, referiu que os próximos anos vão ser muito exigentes nesta matéria, mas defendeu que para garantir “o cumprimento” da Estratégia Local de Habitação (ELH) será necessário “um gabinete com bastantes técnicos”, indicando “várias modalidades” desde a aquisição de imóveis, criação de lotes municipais para “criar respostas para as famílias”.

Para o candidato do PSD/CDS-PP, se a ELH “não for agarrada com toda a dinâmica, não vai ser possível executar aquilo que foi o valor atribuído. “O que parece não haver é a capacidade de resposta, mas aquela perseguição ao que é privado dava jeito, porque se tivéssemos aqui implantado empresas de construção-civil” não seria um problema.

Já o candidato do IL, entende que além da falta de habitação, Odemira, debate-se com o problema das “demoras nos licenciamentos” que “em média pode demorar 4 anos”, referiu. Em alternativa, propôs a agilização de processos e a simplificação dos processos, recorrendo para o efeito à Inteligência Artificial, parcerias com privados, a alteração do Plano Diretor Municipal (PDM), e criar zonas de construção própria.

O candidato do PS, sublinhou que com a ELH o Município debate-se com dois problemas: “O primeiro é saber como é que vamos conseguir construir objetivamente as casas, porque nos debatemos com um problema que assola o país” devido à falta de empresas de construção-civil. “Temos de começar a trabalhar numa solução que não emperre e não vá comprometer para termos outro problema acrescido”.

As áreas da educação e saúde e a descentralização de competências, também foram debatidas pelos candidatos que foram unânimes em defender a recuperação e manutenção do parque escolar e de estabelecimentos de ensino no interior, mais médicos e novas infraestruturas de saúde.