O futuro do turismo e a estratégia local de habitação dominaram debate em Grândola

Os candidatos da CDU, PS e coligação PSD/CDS-PP fizeram o diagnóstico do concelho e debateram as opções que devem ser tomadas no setor da habitação e do turismo, para atrair mais investimento e emprego.

O Auditório do CineTeatro de Grândola recebeu, no passado dia 07 de setembro, o debate autárquico promovido pelo jornal O Setubalense, em parceria com a rádio Sines, rádio M24, jornal O Leme, rádio Popular FM e a Morning Panorama, com três dos quatro candidatos [o Chega não se fez representar] à Câmara Municipal de Grândola.

A discussão, moderada pelo diretor do jornal O Setubalense, Francisco Alves Rito, arrancou com uma avaliação sobre o diagnóstico do estado do Concelho de Grândola, onde houve perda de população, segundo os últimos Censos.

O candidato do PS, António Candeias, realçou que Grândola tem todas as condições para ser “um Concelho modelo” a nível nacional por ser um “território apetecível” e ter “uma centralização extraordinária como ponto logístico para todo o país”. Defendeu ainda medidas geradoras de “mais emprego” para alterar a tendência de perda de população, como a “introdução de indústrias e de investidores com projetos adequados”.

Para António Figueira Mendes, candidato da CDU, o Concelho de Grândola está “num período crucial”, reconhecendo que, do ponto de vista turístico, o Município atingiu “um nível que deve ser repensado para manter os equilíbrios”. “Não queremos ser a costa algarvia, nem a costa espanhola e os instrumentos de planeamento, que ao longo dos tempos têm vindo a ser atualizados, já não permitem que isso venha a acontecer”, argumentou.

Para o candidato da coligação PSD/CDS-PP, Jacinto Ventura, “é notório a falta de capacidade para receber todo o investimento” previsto para o Concelho de Grândola que “está na moda”, reforçou. No seu entender, “o volume de investimento no setor do turismo foi de tal ordem elevado que a estrutura do concelho não estava e não está preparada para isso”.

Na área da habitação, Jacinto Ventura (PSD/CDS-PP), propõe habitação sustentável e a custos controlados e parcerias que permitam a aquisição de terrenos nas zonas do interior e mais periféricas “para se criar alguns polos habitacionais”.

Também António Figueira Mendes (CDU) reconheceu que a habitação é um dos principais problemas do Concelho de Grândola. “Uma primeira tranche da Estratégia Local de Habitação (ELH) é para recuperar o património edificado” e social.

António Candeias (PS), reconheceu que se trata de um problema que “se está a agudizar neste território”, por força dos investimentos e da procura de terrenos, apontando como solução “a aquisição de terrenos para a construção de habitação a custos controlados” em associação com Cooperativas ou outras entidades.

A estratégia para o futuro do turismo em Grândola

No capítulo do turismo, o candidato da CDU, António Figueira Mendes, disse que “neste momento, não existe lugar para novos empreendimentos turísticos na faixa costeira” de Grândola. “Ainda há dois em Troia, e o que constatamos é que todos esses novos empreendimentos, à luz da nova filosofia para o turismo e imobiliário, têm vindo a reduzir a carga do ponto de vista da construção, o que mostra uma nova visão”, acrescentou.

Para o candidato do PS, António Candeias, tem havido desenvolvimentos acrescidos nesta área, mas alertou que este desenvolvimento também deve ser bom “para os que cá vivem” e que “não têm usufruído”. Defendeu ainda que o turismo “passa por termos praias para todos”, apontando para a “inibição” no acesso a zonas balneares e para o “estacionamento pago” em algumas praias.

Já o candidato do PSD/CDS-PP, Jacinto Ventura, “não vê o turismo como o caminho certo”, tendo em conta os investimentos “em fase de construção” e outros aprovados na orla costeira, cuja construção ainda não arrancou. “O [empreendimento] Costa Terra tem menos camas, mas consegue ter um campo de golfe junto a uma falésia”, criticou o cabeça-de-lista.

No debate, os candidatos debateram ainda temas relacionados com a política fiscal, educação e a saúde, estas duas áreas abrangidas no processo de transferência de competências, com a requalificação da Escola António Inácio da Cruz a protagonizar o momento mais aceso do debate depois de o candidato do PS, António Candeias, questionar o candidato da CDU, sobre os motivos que levaram o executivo municipal a rejeitar a proposta do Governo para a sua requalificação.

Além de sublinhar que aquele estabelecimento de ensino não é da competência do Município, António Figueira Mendes, reafirmou que se tratou de uma decisão política. Ainda neste capítulo, o candidato do PSD/CDS-PP criticou o contrato proposto pelo PS, mas alertou para a urgência de se avançar com a requalificação daquela escola.