Grândola: 50 anos de uma canção

João Madeira

João MadeiraPor João Madeira, professor e historiador

É absolutamente espantoso verificar como a canção Grândola, Vila Morena atravessou incandescente meio século da nossa história.

Entre as quadras escritas a quente no já longínquo ano de 1964, depois de José Afonso passar pela Sociedade Musical Fraternidade Operária Grandolense, a Música velha, e o punhado de homens e mulheres que nas galerias da Assembleia da República, ainda há alguns meses, ergueu a voz e, inconformada e rebelde, interrompeu o discurso cínico e cinzento de um primeiro ministro de turno, decorreram 50 anos.

A força da canção resultou do facto de ter sido escolhida para passar na rádio como senha do 25 de Abril de 1974. Sabemos hoje que foi uma segunda escolha. Era para ser a canção Venham mais Cinco, mas que a censura havia proibido. A alternativa foi Grândola…., na sua simplicidade, uma simplicidade que lhe permitiu escapar aos olhos aquilinos dos coroneis, broncos censores de lápis azul. A canção, dessa forma, tornou-se hino da revolução que apeou uma ditadura de quase meio século e que, nas marés do tempo, nos tem acompanhado até hoje, a encher-nos o peito, a insuflar-nos vigor, determinação, esperança para inverter este presente escuro que vivemos, tempo de empobrecimento e de retrocesso civilizacional.

O artigo completo na edição em papel de 20 de Junho de 2014, n.º 626