Metade da população portuguesa revela níveis baixos de literacia em saúde – SPLS

A Presidente da Sociedade Portuguesa de Literacia em Saúde (SPLS), Cristina Vaz de Almeida, disse que metade da população portuguesa tem um baixo nível de literacia em saúde, embora a situação esteja a melhorar.

“50% das pessoas em Portugal têm uma baixa literacia em saúde, apesar de estar a melhorar”, revelou a responsável que participou, no passado dia 10 deste mês, numa mesa-redonda, no âmbito da Semana da Qualidade promovida pela Unidade Local de Saúde do Litoral Alentejano (ULSLA).

Cristina Vaz de Almeida revelou que estes indicadores “não surpreendem, uma vez que também, a nível europeu, 50% da população tem baixos níveis de literacia em saúde”.

“Não estamos longe da Europa, estamos na mesma média. Há só um país onde há uma inversão, a Holanda, onde à medida que a idade avança a literacia sobe, ao contrário da maior parte da Europa onde a população mais velha vai perdendo as suas competências e capacidades”, afirmou.

Em Portugal, assiste-se “a uma dinâmica enorme por parte das organizações, profissionais de saúde e Associações de doentes em relação a esta temática e, apesar, de parecer teórico estamos a ver uma série de projetos muito reais que vão buscar os modelos e as estratégias de intervenção para aplicar na prática”, indicou.

“Aquilo que queremos é melhorar o acesso à saúde, a compreensão da saúde e o uso dos recursos”, frisou a responsável, considerando ser importante que “a bula dos medicamentos seja compreensível que o consentimento informado seja mais facilitado e que a informação em saúde seja menos complexa”.

E por outro lado, “capacitar os profissionais para que possam ter uma linguagem mais acessível para os seus utentes e estes utentes também serem capacitados a tomarem decisões mais conscientes”, acrescentou.

No seu entender é preciso trabalhar “na acessibilidade da linguagem, no acesso aos recursos de saúde, na compreensão, no trabalho pela compreensão, na segmentação da população de uma forma adequada, no uso dos recursos e na navegabilidade que o paciente faz no sistema de saúde”.

“Temos visto projetos de intervenção comunitária muito interessantes, com modelos e estratégias de literacia em saúde em que há uma integração de cuidados de saúde entre o hospital, as unidades de saúde e as coletividades”, salientou.

A responsável adiantou ainda que a questão dos migrantes “é outros dos desafios da SPLS que tem vindo a realizar mini assembleias para dar voz às pessoas em relação às suas necessidades de saúde tendo sido propostas e votadas soluções para a população migrante”.

“Uma delas é um cartão de utente provisório para a pessoa poder aceder ao Centro de Saúde apesar da sua situação irregular e, à semelhança da Linha Saúde24, ser criada a Linha 25 em que, nas várias línguas, se possa fazer a triagem e ajudar esta população migrante que muitas vezes tem dificuldade até de se movimentar, mas não se importa de telefonar para tratar da sua saúde”, concluiu.

Helga Nobre